Pobreza no Québec: existe isso aqui ?

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    • #6600
      Carlos_Santos
      Participante

      Caros colegas interessados pela “Belle province”,

      sempre acho que nunca é demais falar de algo que sempre que escutava quando ai estava me causava um ar de “nao estou entendendo”.

      Aqui e ja vivendo um pouco mais, confesso que ainda me causa um certo nivel de surpresa.

      Bom, reflexoes pessoais a parte, segue uma noticia que saiu ontem varios jornais escritos e  televisivos, de forma mostrar um pouco do que o Québec tem e que nao se fala nas sessoes de informacao sobre imigracao para o Québec ai no Brasil :

        Lutte contre la pauvreté

        Le Collectif pour un Québec sans pauvreté a tenu une manifestation jeudi devant le l’édifice du Parlement. Quelques centaines de personnes se sont mobilisées.

        Le Collectif, qui réclame des gestes concrets du gouvernement du Québec en matière de lutte contre la pauvreté, souhaitait faire entendre ses trois revendications. Il réclame l’accès à des services publics universels de qualité, une hausse du salaire minimum pour que les employés qui travaillent à temps plein puissent se sortir de la pauvreté et une hausse des protections publiques.

        Afin d’appuyer ces revendications, les manifestants ont remis une pétition de 100 000 noms à quatre députés des quatre partis représentés à l’Assemblée nationale. « On ne s’adresse pas seulement à un parti politique, on parle à tout le monde. L’important, c’est l’ensemble de la société québécoise qui doit se mobiliser pour éliminer la pauvreté. C’est pas une question d’un groupe parlementaire par rapport à un autre, c’est une volonté sociale collective, et pour nous, c’est très important de travailler sur une base non partisane », a indiqué un peu plus tôt Yan Renaud-Lauzé du Collectif pour un Québec sans pauvreté.

        Il a ajouté que le Collectif pour un Québec sans pauvreté souhaite guider le gouvernement dans son prochain plan d’action. « C’est une proposition pour faire les prochains pas vers l’élimination de la pauvreté au Québec. On s’attend à voir, par l’effort de mobilisation, plus qu’influencer le gouvernement, donner la direction », a-t-il dit.

        Le gouvernement du Québec tiendra des consultations publiques ce printemps et à l’automne afin d’établir son plan d’action pour la lutte contre la pauvreté.

        fonte: http://www.radio-canada.ca/regions/Quebec/2009/05/14/001-pauvrete_manif_n.shtml

      Atenciosamente

    • #35395
      Chaton
      Participante

      Obrigado pela dica! Como eu vou trabalhar justamente na área social estou tentando absorver o máximo de informações sobre o estado da arte desta área no Québec.

    • #35503
      FCelso
      Participante

      Boas Carlos,

      De experiência própria na Cidade do Québec, fui abordado por três vezes no Place Laurier (shopping) por pessoas pedindo esmola.

      Além disso, toda vez que passava na parte velha da cidade, na esquina da Rua St-Jean com a Avenida Honoré-Mercier, haviam dois pedintes fixos na sinaleira (semáforo), que mesmo no inverno estavam a esmolar.

      Nas épocas mais quentes, especialmente no verão (25oC) observei uns 3 catadores de latas, que usavam bicicleta e aqueles reboques fechados, geralmente usados para crianças, mas que nesse caso estavam cheios de latinhas. Também vi um catador de resíduos (lixo) com sua companheira e um cachorro, passando na universidade com a sua camioneta velha de guerra a coletar materias na Universidade Laval.

      São poucos casos se comparados com uma cidade de mesmo porte aqui no Rio Grande do Sul (Caxias do Sul, por exemplo), mas se percebe que existem os menos favorecidos mesmo num país desenvolvido.

      Estive debatendo esse tema com um outro gaúcho que está trabalhando na mesma cidade, e chegamos a uma observação: oportunidades de trabalho existem na cidade, mas nem sempre a pessoa está disposta a se encaixar no sistema. Estávamos discutindo exatamente o caso de pessoas com sérios vícios ou dependência de drogas.

      Acho interessante deixar o pessoal que está imigrando preparado para o que virá, pois como dizia um sargento no exército “dias piores virão” 8O.
      Claro que ele era bastante “otimista”  :lol:  

      No meu caso, creio deve-se esperar o melhor, mas estando preparado para o pior.   :wink:

    • #35506
      Baratinha
      Participante

      Sim, aqui tem pobreza sim.

      Eu trabalho no “centrinho” da cidade de Trois-Rivières e pode-se ver gente pedindo esmola. Como o FCelso disse , tem um pessoal que sai catar latinha de bicicleta.

      E tem muita gente que é dependente de droga. Tem muitos jovens meio “punks” que ficam pedindo dinheiro na rua.

      Anyway, pobreza tem em tudo que é lugar… , nuns lugares mais, noutros menos.. mas tem.

      Sucesso

    • #35510
      petula
      Participante

      incrível como essas situações de pobreza não necessariamente correspondem diretamente a modelos de governança. basta ver o tipo absurdo de descaso do estado com a população aqui no brasil, o que a princípio explica a miséria.

      mas se fosse apenas isso, países como eua, frança, canadá não teriam pobres também. e penso que nesses países a luta seja mais dura, pois qual será a causa do desfavorecimento dessas pessoas que, ao menos a rigor, deveriam ter tido acesso a educação, cidadania, e vários outros direitos igualitários?

      deve ser fascinante poder atuar na reconstrução da sociedade, corrigindo esse tipo de desvio. espero que o resultado das consultations seja realístico e posto em prática.

      []s
      p

    • #35522
      FabioSCS
      Participante

      Moro em Montreal, e tem muita gente pedindo esmola na rua aqui, até mesmo nos farois.
      Mas arrisco à dizer que 99% deles estão nessa vida por opção. Dá pra perceber que são punks, adolescentes revoltados com a sociedade, dependentes de drogas, ou pessoas com problemas psicológicos graves.
      Não existe miséria, gente vivendo em favela e esgoto à ceu aberto, como acontece nas grandes cidades brasileiras.
      É uma pobreza bem diferente.

    • #29375
      septentrional51
      Participante

      As palavras: pobre, pobreza, miséria, miserável, representam conceitos diferentes dos que elas representam no Brasil. Mesmo do ponto de vista individual existem interpretações diferentes para essas expressões, alguns as relacionam a espiritualidade, outros a motivação para o trabalho, mas o que interessa aqui é o aspecto econômico, onde numa extremidade estão os bem guarnecidos de recursos financeiros e em outra os que pouco ou nada possuem.

      Québec tem esses extremos (não estou discutindo as proporções), isso faz com que afirmar que “aqui não tem miséria” seja uma alegação se não leviana, com certeza discutível.

      Quem é o miserável no Brasil? Outro dia um imigrante, como eu, respondeu aquele que é andarilho, vive de esmolas, dorme na rua. Aqui existem essas pessoas, evidentemente elas não dormem na rua quando faz menos 20, embora no inverno passado um “itinerant” morreu de hipotermia próximo a um refugio para os sem teto. No Québec existe uma rede de assistência aos desfavorecidos, justamente devido ao inverno rigoroso aliado ao espírito de solidariedade e decência humanas. Veja Vancouver onde os invernos não são tão rigorosos, as pessoas são largadas a elas mesmas, a ajuda social é limitada a um tempo determinado e depois disso ao invés de dar em forma de solidariedade talvez a escolha tenha sido de investir em repressão, vigilância, controle, quem sabe? Resultado, Vancouver e mundialmente conhecida pelos usuários de drogas e sem tetos que ela tem.

      Dizer que as pessoas pedem esmolas e estão na miséria (ou pobreza para atenuar um pouco), porque usam drogas ou vivem problemas mentais ou simplesmente porque escolheram isso é discutível também. Talvez essas pessoas usem drogas e/ou tenham perdido a razão e peçam esmolas porque vivem na miséria sendo a droga um refugio para apaziguar a dor interna causada pela desventura cotidiana. A loucura aparece como um produto do meio em que vive ou viveu. Uma escolha ou falta de escolhas?

      Talvez seja fácil dizer que a culta é do outro, ou talvez tenhamos medo de vivermos a mesma situação? Dizer que emprego tem é discutível também. Sim empregos têm, mas quais empregos? Se qualquer emprego fosse bom para qualquer um não tinha tanto brasileiro voltando para o Brasil. Quem é imigrante aqui e trabalhou no survival job pode fazer um minuto de reflexão e ser honesto com sigo mesmo e dizer o que acha de ficar a vida toda nisso?

      A maior pobreza, ou aquela que mais toca, é a que atinge os menos favorecidos, aqueles que nada podem ou não podem fazer mais nada para combatê-la. Crianças sofrendo a pressão e o conflito de querer por ver por toda parte a propaganda e a pressão por consumir. Pessoas idosas, que mal conseguem pagar o aluguel e o aquecimento tendo que freqüentar bancos alimentares para poder se alimentar a cada dia.

      Aqui você não vê crianças pedindo esmola, se isso acontecer elas são recolhidas, os pais contatados, a guarda retirada e as crianças vão para “familles d’accueil”, o que no final da linha, em minha opinião, se revela uma catástrofe.

      A propósito de pessoas idosas, tenho meu exemplo. Sempre vejo um senhor que fuça nas lixeiras catando latinhas retornando-as ao supermercado, conversando com as meninas que são operadoras de caixa elas falaram que faz alguns anos que ele faz isso, desde que ele ficou sem emprego depois dos 60 anos, e mesmo atualmente com mais de 65 anos e “aposentado” com “la pension de vieillesse“ ele continua fazendo a ronda “des poubelles”. Tive a coragem de perguntar, ele fuma, ele bebe? As operadoras de caixa olharam uma para outra e responderam que com elas ele jamais comprou cigarro nem bebida alcoólica. Talvez ele compre cocaína com a grana das latinhas! :mrgreen: He, He, He, He…

      Aqui não tem favelas, por respeito não menciono nenhum bairro, mas vocês vão fazer suas imagens. Podemos dizer que os bairros pobres daqui são as favelas do Brasil. O Brasil teve o Sandro Barbosa do Nascimento (do ônibus 174), bom aqui teve o Fredy Vilavueva. Em realidades e contextos diferentes que não podem ser comparados, mas eles tem algo em comum, foram vitimas, não da policia, mas de um contexto socio-cultural-econômico que lhes empurrou para a exclusão e um fim trágico.

    • #29365
      FCelso
      Participante

      Aproveitando o gancho, nas cidades do RS geralmente temos albergues para os menos favorecidos. Inclusive no nosso “inverno” a busca por esses lugares aumenta. Entretanto, o pessoal que trabalha com a assistência social bem que tenta, mas não são todos que vivem na rua que aceitam mudar para o albergue. Seguidamente aparece reportagem no jornal Zero Hora, retrantando os sem-teto de Porto Alegre; nessas reportangens fazem entrevistas com as pessoas nessa situação, e um dos motivos mais comum que fazem o pessoal não ficar no albergue é a obrigação de seguir regras.

    • #29027
      Betoberg
      Participante

      Queria contribui com este tópico com algo que vi em Montreal quando estive por la.
      Uma mulher meio gordinha com uma placa escrita “me ajude pois estou com fome”. Ela nem estava fazendo esforço para mostrar uma cara triste ou no mínimo séria. Me chamou a atenção tb é que muitos pedintes que vi eram cheios de tatuagens, achei engraçado isto porque uma tatuagem não é algo exatamente barato. 8)
      Sinceramente acho que são pessoas que não querem trabalhar. :!:

    • #29017
      septentrional51
      Participante

      @Betoberg wrote:

      Queria contribui com este tópico com algo que vi em Montreal quando estive por la.
      Uma mulher meio gordinha com uma placa escrita “me ajude pois estou com fome”. Ela nem estava fazendo esforço para mostrar uma cara triste ou no mínimo séria. Me chamou a atenção tb é que muitos pedintes que vi eram cheios de tatuagens, achei engraçado isto porque uma tatuagem não é algo exatamente barato. 8)
      Sinceramente acho que são pessoas que não querem trabalhar. :!:

      Caro Betoberg, aposto que você também nao iria querer trabalhar se te oferecesem o que oferecem a eles. Como eu falei acima, emprego tem. MAS PORQUE TEM TANTO BRASILEIRO VOLTANDO?

    • #29016
      Anonymous
      Participante

      Não à comparação entre QUÉBEC e BRASIL ou qualquer outro país, culturas e pontos de vista são diferente sempre.
      Uma coisa é certa, a pobreza no Québec, da acesso a coisas que no Brasil um pobre já mais terá…

      Pobreza aqui e no Québec é estado de lamentação e não falta de trabalho, pobreza é estado de conformismo humando digamos.
      Fiquei 1 ano desempregado com minha esposa gravida, mas nunca deixaie de trabalhar, pois trabalho existe, agora se não querem trabalhar paciência, trabalhadores existem em todos os cantos do mundo, acomodados também.

      Tenho amigo que moram em predios do CDHU (FAVELA URBANIZADA em HELIOPOLIS-SP) e tem carro zero na garagem (FOCUS !!!), por isso digo que é estado de lamentação.

      O problema da pobreza é a falta de vontade de muitas pessoas em estudar para crescer !

      Agora, pobre mesmo, são aqueles com problemas mentais que são abandonados nas ruas de todo o mundo, viciados, etc…

      Estes são pobres, de verdade, não tem familia, amigos condições de vida e vivem sem dignidade

      Abraço a todos

    • #27709
      septentrional51
      Participante

      @carloslopes wrote:

      O problema da pobreza é a falta de vontade de muitas pessoas em estudar para crescer !

      Agora, pobre mesmo, são aqueles com problemas mentais que são abandonados nas ruas de todo o mundo, viciados, etc…

      Estes são pobres, de verdade, não tem familia, amigos condições de vida e vivem sem dignidade

      A pressão de estudar tem enlouquecido alguns que em seguida são abandonados pelos outros, incluindo depois de certo tempo a família e os amigos.
      O pior de ser pobre é ser desprezado e acusado como único responsável de seus infortúnios.

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