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13 de junho de 2014 às 19:05 #121517AmélieParticipante
Gostaria de compartilhar minhas experiências como grávida aqui em Québec. Quando engravidei, ainda no Brasil, tive muitas dúvidas e o único tópico que encontrei na época foi o “Gravidez!!! Nascer ou não Quebequois…”, que muito me ajudou. Ainda assim, acho que faltam informações para as futuras mães e estar grávida em outro país não é fácil, pois tudo é novo e diferente. Por isso, resolvi criar este tópico para que outras mulheres possam compartilhar suas experiências.
Ainda no Brasil, descobri que não há carência para grávidas no Assurance Maladie, tanto no tópico que citei, quanto neste site. http://www.mrifce.gouv.qc.ca/bresil/pt/quebec/qualidadedevida/atendimentomedico.asp?itemMenu=Soins%20de%20sant%C3%A9
O que eu não sabia é que a Assurance Maladie cobre somente consultas e exames relacionados à gravidez, que tenham sido solicitados por um “médico”. Nenhuma outra necessidade está coberta. Se a grávida precisar de atendimento porque quebrou uma perna (exemplo que me foi dado na RAMQ), ela deverá arcar com os custos ou acionar o seguro de saúde privado contrato. Por causa dessa falta de informação, acabei não contratando um, pois só tive ciência disso ao fazer a Assurance Maladie… Descobri recentemente que pessoas inconscientes e com doenças infecciosas também são atendidas.
Quando cheguei à Québec, eu estava com três meses de gravidez. Por causa da gravidez “avançada”, não foi fácil conseguir um “médico” para iniciar o pré-natal (le suivi de grossesse). Fui recusada na Unité de médecine familiale (UMF) Laurier e na UMF Laval. Consegui um rendez-vous no Hospital Saint-François-d’Assise para quase um mês após e na Clinique de Gynecologie de la Cité somente para o um mês e meio depois! Não consigo me lembrar quem foi a bendita alma que me indicou a Unité de médecine familiale – GMF Maizerets. Quando liguei para marcar o rendez-vous, a enfermeira me pediu para ir lá pegar a receita do multivitamínico e o pedido de ecografia, pois minha gravidez estava adiantada e que não era pra perder mais tempo. A consulta foi marcado para uma data próxima, o que me aliviou muito.
Antes de continuar, quero esclarecer duas coisas. Escrevo médico entre aspas porque aqui nós somos atendidas por enfermeiras obstetras. Disseram-me na clínica que eu só veria um médico no final da gravidez. Nas guias sempre há o nome de um médico, que é pedido quando você compra um medicamento ou quando marca um exame, não conta o nome da enfermeira. Outra coisa: as pessoas aqui, em geral, são muito simpáticas e solícitas. Fico contente com o tratamento que recebo aqui. Teve uma moça, do UMF Laurier, se não me engano, que me ligou toda preocupada porque eu não tinha começado meu suivi ainda, dizendo que se eu não conseguisse era para retornar a ligação que ela tentaria me ajudar… uma coisa! Achei uma gracinha!
Enfim, consegui iniciar meu suivi. Quem me atendia era uma estagiária brasileira, o que me ajudou muito, porque ainda não conhecia o vocabulário referente à gravidez. Depois de julho, eu seria atendida pela supervisora dela, uma moça com uma carinha ótima, simpática também. Ela pediu exames de sangue e urina.
Eu ainda tinha os outros rendez-vous marcados, mas como aqui você constrói um dossiê médico e não podemos consultar com todos os médicos à vontade, como em um plano de saúde privado, desmarquei as outras duas consultas. Todos os locais eram igualmente muito distantes da minha casa e em qualquer um deles o local de nascimento seria o Hospital Saint-François-d’Assise (SFA), com o(a) médico(a) que estivesse de plantão. Também estava contente com o atendimento que vinha tendo.
O primeiro ultrassom foi feito no SFA. Antes de qualquer coisa, devemos fazer o cartão do hospital. Nesse momento tive problemas. Não é em todos os lugares que eles conhecem as regras da Assurance Maladie para imigrantes grávidas durante a carência, mas a única que me infernizou por causa disso foi a atendente do SFA. Ela se recusou a fazer o cartão e me fez andar meio hospital à toa. No fim, consegui fazer o cartão e o exame. Uma cópia do resultado da ecografia é dado à mãe e a outra é enviada ao “médico”. Não há fotos da eco como no Brasil, são apenas informações escritas.
O exame de sangue foi feito no CLSC Sainte-Foy-Sillery. Uma enfermeira também muito simpática me atendeu, fez todas as mesmas perguntas que a enfermeira obstetra fez na primeira consulta, me explicou sobre o programa OLO e me deu o livro “Mieux vivre avec notre enfant de la grossesse à deux ans”. Esse livro é distribuído pelo governo do Québec e é muito bom! Disponível em PDF aqui http://www.inspq.qc.ca/MieuxVivre/sections/MV2014_Guide.pdf. Depois de quase uma hora de consulta ela recolheu meu sangue e fiz também o exame de urina. Não temos acesso aos resultados, vão todos direto para o dossiê médico.
Nesse meio tempo, eu estava tentando uma sage-femme (parteira). Ao ligar para a Maison de Naissance, fui orientada a primeiro assistir uma séance d’information. Após, se quiser mesmo ter o bebê com a parteira, você se inscreve. Não é fácil conseguir uma vaga. Tive que entrar numa fila de espera, pois o mês do nascimento estava cheio e já tinha outras mães esperando. Não sei por qual milagre eu consegui uma vaga e na outra semana já tive o rendez-vous com a sage-femme. Eu simplesmente amei a consulta, o atendimento é muito mais pessoal, além de ir de encontro com as minhas ideias e necessidades.
Ao escolher fazer o pré-natal com uma sage-femme, automaticamente o outro dossiê é fechado. Eu tinha direito de ser atendida sem rendez-vous na GMF Maizerets (apenas se relacionado à gravidez) e perdi esse direito ao sair de lá. Agora tudo relacionado à gravidez é assunto da sage-femme.
A segunda ecografia, a morfológica, que é feita +/- com 20 semanas, foi feita no CHUL. Temos que fazer também o cartão do hospital antes de qualquer coisa. Nesse, todas as vezes que precisar consultar lá durante a carência da Assurance, é necessário ir primeiro à sala onde se faz o cartão. No setor de ecografias descobri que não podemos tirar fotos ou filmar o exame, mas eles vendem o CD com imagens (fotos, pelo que entendi) por 40$. Além de não saber disso antes (o pedido é feito em outro lugar), achei o preço caro demais. E provavelmente esta foi o último; ultrassom novamente só se for realmente necessário.
Aqui eles não fazem o exame de translucência nucal. Se a mãe quiser, há um exame de sangue, feito em duas etapas, para ver se há possibilidade de o bebê ser portador da Síndrome de Down (Trisomie 21). Eu não pude fazer a primeira coleta, pois já tinha passado da época, fiz somente a segunda. Caso haja uma possibilidade, a mãe pode optar por fazer a amniocentese, que é a única maneira de ter certeza sobre a doença. Aqui podemos abortar até a 20° semana de gravidez, independente do motivo. Inclusive, a primeira coisa que perguntam sobre a gravidez é se ela foi desejada, se você e o marido estão felizes com a notícia.
Para concluir, estou muito satisfeita com o atendimento aqui. Fiquei um pouco preocupada de não conseguir iniciar o pré-natal rapidamente, mas tudo tem sido muito tranquilo. Estou super feliz! Depois volto para contar como foi o nascimento.
AmélieTimeline:
21/11/11 - Envio do dossiê BIQ SP
20/12/12 - CSQ
05/02/13 - Envio federal CIC Sydney
21/01/14 - Pedidos de exames
06/02/14 - Pedido dos passaportes
28/02/14 - Passaportes recebidos
10/04/14 - Chegada em Québec -
4 de novembro de 2014 às 21:25 #121995Alessandra e FabioParticipante
Amelie, que legal ler seu relato!
Especialmente porque uma das coisas que eu e meu marido estamos esperando pra fazer quando chegar aí é ter filhos!
Já tenho o relato de algumas amigas que já estão há mais tempo aí, mas não nesses detalhes!
Imagino que se o bebê já não nasceu, deve estar às portas, correto? -
5 de novembro de 2014 às 11:24 #121997curtyParticipante
Só para facilitar a vida dos futuros visitantes deste tópico, o tópico que a Amélie citou “Gravidez!!! Nascer ou não Quebequois…” é esse aqui:
http://brasilquebec.com/forums/topic/gravidez-nascer-ou-nao-quebequois/
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