A lógica de seleção do MICC

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    • #116686
      VitorVG
      Participante

      Já perdi a conta dos inúmeros desabafos que li, feitos em blogs e no Facebook, a respeito da falta de critério do MICC na seleção dos imigrantes. As reclamações são feitas principalmente por aqueles que veem processos mais recentes chegando a um desfecho e vão ficando para trás esquecidos, olhando a caixa de e-mails todos os dias na esperança de ler uma mensagem vinda do México.

      Confesso que sempre achei esse fenômeno no mínimo curioso. Como pode um ministério provincial de um país desenvolvido aplicar regras tão confusas e pouco transparentes na seleção de seus futuros cidadãos? Será que o MICC é tão incoerente assim na gestão de uma de suas atividades principais? Essa falta de critério, na verdade, nunca me convenceu.

      Sim, as regras mudaram e a comunicação com os candidatos foi um desastre. Sim, o MICC, e principalmente o BIQ, cometem muitos erros. Documentos perdidos, dossiês esquecidos e até CSQs enviados para endereços trocados são exemplos fáceis de se encontrar por aí. Mas esse é um mal que parece característico do setor público no Québec de uma maneira geral, segundo os nativos que conheci.

      Mas então como explicar processos completos, de profissões prioritárias, de candidatos com bom nível de francês que simplesmente congelam no tempo enquanto outros mais recentes seguem as etapas como se nenhum obstáculo houvesse? Será que o BIQ tem uma salinha cheia de pastas que vão sendo amontoadas e selecionadas ao puro acaso sem respeitar nenhum critério? Será que o processo planificado de seleção de imigrantes é realmente algo sem lógica?
      A resposta, na minha opinião está na própria pergunta. Acho que o MICC tem uma lógica sim, e essa lógica está desenhada, em linhas gerais, no plano estratégico do Ministério. Embora alguns critérios não sejam mencionados explicitamente aos imigrantes, eles existem e estão sendo aplicados. No total, 5 características teriam influência direta na velocidade de tratamento dos dossiês, não necessariamente nesta ordem de aplicação: 1) Ter uma formação profissional em demanda; 2) Ter menos de 35 anos; 3) Conhecer o francês (mínimo B2); 4) Ter sido imigrante temporário no Québec e 5) Pretender estabelecer-se fora da região metropolitana de Montréal.

      Ora, onde está a novidade nisso? Bom, tirando o item 5, que na minha opinião é o único surpreendente, o que está escrito nas entrelinhas é que: quem tem 36 anos e tirou menos de B2 no TCFQ, não só pontuará menos como também perderá prioridade em relação a quem tem 35 anos e tirou B2. A novidade, então, é que a seleção dos imigrantes possuiria um aspecto também qualitativo e não somente quantitativo como é divulgado (sistema de pontos). Até hoje, a única avaliação qualitativa que tínhamos conhecimento que estava sendo aplicada é justamente a das profissões em demanda. Isso explica na minha opinião as distorções no tempo de tratamento dos dossiês. A sua pontuação define se você está dentro ou fora, e o seu perfil define se você vai andar rápido ou devagar.

      – OK, mas de onde veio essa teoria maluca? Resposta: do próprio Plano Estratégico do MICC.
      No plano estratégico estão definidas metas, em termos percentuais bastante explícitos, de cada um desses 5 itens que listei. Seriam elas: 1) Ao menos 50% dos requerentes principais selecionados, dentro da subcategoria de Travailleurs Qualifiés, devem ter profissão em demanda no Québec; 2) 65% do total de imigrantes devem ter 35 anos ou menos; 3) Mais de 50% dos imigrantes devem ter B2 ou mais; 4) Ao menos 20% do total de TQs devem ser selecionados a partir do Programme d’Expérience Québecoise e 5) Ao menos 22,5% dos imigrantes devem se estabelecer fora da região metropolitana de Montréal (decurso de 10 anos).

      Qual desses critérios, agora qualitativos, teriam prioridade? Deixo para vocês comentarem.
      Todas as informações acima estão baseadas nas minhas próprias conclusões e nos materiais publicados pelo MICC, não tenho a menor pretensão de esgotar a discussão. Muito pelo contrário, estou lançando um ponto de vista ainda pouco explorado de um problema bastante recorrente. Peço que me ajudem a provar se estou certo, ou enganado.

      Ref: http://www.micc.gouv.qc.ca/publications/fr/planification/PlanStrategique20122016-Integral.pdf

      Abs, VG.

      Abertura Provincial: 06/06/2013
      CSQ: 11/09/2014
      Envio docs Federal: 15/09/2014
      Abertura federal: 23/01/2015
      Pedido de exames médicos: 18/02/2015
      Pedido de passaportes: 27/02/2015
      Vistos recebidos: 30/03/2015

    • #116687
      VitorVG
      Participante

      .

      Abertura Provincial: 06/06/2013
      CSQ: 11/09/2014
      Envio docs Federal: 15/09/2014
      Abertura federal: 23/01/2015
      Pedido de exames médicos: 18/02/2015
      Pedido de passaportes: 27/02/2015
      Vistos recebidos: 30/03/2015

    • #116838
      Alessandra e Fabio
      Participante

      Vitor,
      Muito boas suas considerações.
      Tenho também algumas percepções:
      Para nós brasileiros, as regras parecem confusas também por outros dois motivos:
      1 – A maioria de nós não lê os materiais do processo de imigração e confia só nas informações obtidas a partir de fóruns ou consultores.
      2 – Nós ainda não conseguimos entender o modo de pensar, a lógica do Canadense e Quebequense. Eles são mais pragmáticos, “quadradinhos” por assim dizer. E nós brasileiros, com nossa famosa versatilidade e “jeitinho” (no bom sentido, aqui) temos dificuldade de entender um pensamento tão cartesiano. Eles são a “denotação” (sentido próprio), e nós a “conotação” (sentido figurado).
      Pra “curar” essas duas coisas, não tem segredo: temos que ler e estudar mais o processo; e antes mesmo de aplicar. Também seria muito bom se pudéssemos usar nossa versatilidade para nos colocarmos nos sapatos deles, e tentar entender seu modo de pensar.

    • #117396
      SANDROMS
      Participante

      Oi Vitor,

      Tenho uma teoria diferente para explicar essa fatos que te deixaram idignado. Primeiro as razões da minha teoria depois a teoria:

      1. O processo ocorria perfeitamente quando o BIQ era em Buenos Aires e depois em São Paulo, não se ouvia falar de documentos perdidos e as demandas eram processadas em ordem de chegada em duas filas: profissões prioritárias e demais profissões.
      2. O padrão do serviço público no Quebec, é bem acima desse atual do BIQ, volta e meia ouvimos falar de algum problema, mas o padrão é melhor do que no Brasil.
      3. As regras atuais, que diga de passagem vencem no fim do mês de março, exige que os dossiês mais velhos sejam processados primeiro, a excessão das profissões em demanda. Portanto o GPI não prevê deixar pra trás dossiês por causa de idade ou nível de francês. Não existe lógico por trás dos dossiês perdidos ou encalhados.

      Agora a teoria:

      Completa e absoluta incompetencia profissional dos funcionários do BIQ do México.

      Isso pode estar ligado a fatores desconhecidos, como por exemplo os funcionários ficaram sobrecarregados com a mudança dos processos do BIQ de São Paulo para México e fizeram birra / descaso com aquela pilha que chegou do Brasil. Ou simplesmente o processo de mudança foi mal feito, resultando em dossiês perdidos, ou classificados no lugar errado.

      Essa é só a minha opinião.

      P.S. Você não perde todos os pontos ao fazer 36 anos, pessoas de até 35 anos pontuam 16, e perdem dois pontos para cada ano a mais até que com 43 anos, não pontua mais. Então não faz sentido usar esse critério para priorizar dossiês.

    • #117409
      Filipevsm
      Participante

      Eu concordo com todas as considerações, mas entendo que permanecemos em dois lados.

      O BIQ/MICC com suas determinações, muitas vezes até de certa forma claras em seus documentos, GPI, Plano Estratégico, Reestruturação do Processo de Avaliação, mas não muito clara em sua implementação e implantação.

      Por exemplo, entendo que se eles possuem um limitador quantitativo para imigrantes que buscam residir em Montréal, por que não há um número máximo de aplicações por cidade? Se eles buscam alguns perfis específicos por região para atender a demanda de mão de obra, por que não utilizam as estatísticas deles próprios para facilitar a ida destes perfis para as cidades em demanda? Por que tamanha falta de clareza (copy & paste) nos emails de andamento dos processos? Se batem cada vez mais tão forte na questão “francês”, porque as francisações para quem chegou demora até 3 meses de aguardo para a próxima sessão se o montante mínimo de dinheiro pedido para imigração equivale a em média 3 meses de permanência no Canadá para se estabelecer? Os “porques” são muitos, as respostas são poucas ou pouco claras.

      A verdade é que nós, do lado de cá, acabamos vivendo realmente vinculados a esse processo durante o tempo no qual ele dura. Nos abstêmos de muita coisa devido a decisão da imigração. Quando ela se torna incerta e demorada, principalmente uma demora que não temos como prever, fica tudo mais difícil. Claro, essa é minha opinião somente, baseado no que vivi até aqui relativo a esse processo. Em 2010 daria entrada no processo, mas por duas vezes fiquei de fora por causa das mudanças, e agora estou há 1 ano e 8 meses apenas esperando um posicionamento da fase provincial.

      Opções não temos muitas, a não ser entrar no processo, e torcer para que as coisas sigam da melhor forma possível no tempo mais razoável possível.

    • #117423
      Baratinha
      Participante

      A minha teoria pessoal nesta questao é a de que , ja faz um certo tempo a imigracao deixou de ser uma prioridade para o governo(e isso se acentuou ainda mais com a entrada no PQ no poder)
      Algo que eu sempre tive em mente era de que esse processo de imigracao nao visava a agradar os candidatos , mas sim de resolver os problemas do Quebec, a saber dois principais o envelhecimento da populacao, a falta de mao de obra qualificada em certas areas e regioes.
      Dois agravantes a meu ver sao de que a algum tempo se questiona a eficacia da imigracao em resolver estes problemas. Para muitos a imigracao cria mais problemas do que solucoes. Basta ver o que foi a Comissao Bouchard-Taylor e o atual debate de la Chate de Valeurs (claro que estes debates sao extremamente complexos e nao vou entrar no merito destas discussoes neste post).
      Algo a notar em minha opiniao pessoal e que a imigracao se concentra em zonas ja inchadas e um problema serio no Quebec , o das municipalités devitalisés e longe de poder ser resolvido pela imigraçao.

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