Olà Fabiola,
Realmente faz um bom tempo que nao estava vindo aqui. Bem, achei que algumas pessoas nao se agradavam com meus relatos e concluindo que nao estava ajudando muito resolvi “dar um tempo”.
Eu entendo um pouco a afliçao que pode ocorrer a quem està vindo e de repente sabe de alguém daqui que vai enfrentar muito mais que estaria disposto. No meu caso, gostaria ter ouvido um pouco mais de “realidade” e menos sonho pra ponderar esta situaçao. Confesso que se soubesse como funciona no Québec, nao teria vindo pra cà. Na verdade, nao sei se teria vindo ao Canada de uma forma geral.
Minha situaçao pessoal ficou equilibrada apòs a conclusao de meu mestrado, tive muita sorte, pois meus colegas do mesmo programa (os estrangeiros claro!) ainda continuam seguindo em empregos aquém da capacidade e da experiência. Alguns mais velhos (proximos dos 50) ja desistiram e apostam nos filhos. Eu ouvi isso também de alguns agentes do governo :” nao se preocupe com vc, seus filhos vao se integrar bem!”.
Eu nao sei o que vc pensaria disto, mas eu que nao tenho filhos e nem estou fugindo de guerra no meu paìs, simplesmente me recuso a ter um tratamento de terceira categoria. Nao é por nada que 30% dos imigrantes saiam do Québec no primeiro ano para outra provincia (dados oficiais e confidenciais), as ordens sao fechadissimas, têm medo de assimilaçao cultural.
Hoje posso estar melhor por ter conseguido estrutura para comprar um carro em bom estado, ter condiçoes de iniciar um financiamento de uma casa, mas ha 3 anos no Brasil eu ja tinha mais que tudo isso! Quantos vejo aqui dizendo que esperam 5 anos para ter o que ja tinham no Brasil?
Pessoalmente, estou reunindo condiçoes para mudar este ano de provincia, provavelmente Ontario, pois tem uma politica de assimilaçao muito correta, melhores salarios e dao chances.
Eu até repito algumas coisas que ja disse, mas acho importante que saibam:
1. Québec nao tem nada de Brasil, nao existe isso de québecois ser como brasileiro!
2. Bolsas de estudo para todos! Viver do prêt-étudiant!
3. Trabalhar no governo como residente permanente, ainda que cidadao é muito dificil.
4. A logica é dar prioridade ao povo daqui, se sobrar vai ao imigrante. Alias deveriamos fazer isso no Brasil, é so chegar um gringo que muita gente vai logo dando a propria cama pra ele dormir.
5. Vao ser tolerantes com seu francês com sotaques e erros, até da pra encontrar uma alma boa que vai querer te ajudar, mas em regra eles querem que o francês seja muito bom. Isso vale pra universidade e trabalho, pois pra muita gente francòfona, a “inteligência é avaliada pelo nivel de francês”.
Na boa, nao quero que pensem que tudo é ruim em vir pra cà. Sei que nao animo muito, mas é apenas uma questao de praticidade:
1. Existem provincias mais preparadas e liberais aos imigrantes que o Québec;
2. A verdadeira necessidade de profissionais daqui é no setor que nao exige qualificaçao (limpeza, serviços, restaurantes, supermecados);
4. A unica area aberta é do setor de TI, pra quem vai pra Montréal com esta profissao e experiência nao vai saber o que é dificuldade;
3. Se vc vem principalmente das areas de saude, educaçao, juridica, esteja ciente que vai ter dificuldades pra validar o diploma pra trabalhar, custa caro e demora entre 3 a 5 anos na maioria dos casos. Se nao quiser ou nao puder fazer a equivalência (ajuda do governo? espere um milagre no lugar disso) é melhor voltar aos estudos e ai poder ser cégep (técnico – 2 anos em média), graduaçao (3 ou 4 anos), mestrado (2 anos) com um crédito educativo te ajudando a sobreviver com 730 dolares por mês que mal pagam um quarto em Montréal por exemplo.
Bem, sei que repeti muito do que ja havia dito. Mas acho que é importante que todos saibam.
E antes que alguém diga que sou “razinza”, “frustrado”, estava esperando que o Québec “fizesse tudo por mim”, aconselho a falar com pessoas dispostas a falar a verdade, pois muito imigrante nao gosta de assumir a derrota porque falo do que vi e vivi, nao me baseio em sonhos ou de ouvir falar.
Entao, boa sorte e quem mais quiser dicas por favor escrevam. Terei prazer em ajuda-los.
Abraços.
Davi.