Uma equação difícil: emprego, pós-doutorado, imigração

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    • #7531
      marciolm
      Participante

      Prezados,

      Pesquisei alguns tópicos e gostaria, nesse sentido, de abrir um novo com uma pergunta (espero que não tenha sido feita por outrem).

      É que me sinto numa situação na qual não encontrei ainda resposta: tenho doutorado e meu objetivo seria imigrar ao Québec inicialmente por meio de um pós-doutorado com bolsa canadense (i.é, ser aceito numa universidade e iniciar processo de residente permanente). Uma vez lá, OU eu tentaria seguir carreira como professor universitário, OU mesmo, como residente permanente, eu avaliaria outras possíveis oportunidades.

      Nesse sentido, o problema parece residir precisamente no suporte FINANCEIRO estando lá.

      Digo isso porque já consultei algumas universidades e consegui abertura inicial para supervisores de uma pesquisa de pós-doutorado. Em termos acadêmicos a abertura foi muito boa, verdadeiramente promissora. Mas em termos financeiros e de burocracia, não tenho encontrado boas respostas. Uns dizem que alguns departamentos até contratam pós-doutorandos, mas escolhem via de regra ex-alunos; outros dizem que há possibilidade de pedir uma bolsa, mas a concorrência é extremamente grande; outros ainda, reconhecendo essa dificuldade, aconselham a fazer o pós-doc com uma bolsa de agência de fomento brasileira.

      Desse modo o panorama parece o seguinte: sou muito bem aceito (pelo menos nos departamentos consultados) sem financiamento, mas eles mesmos já adiantaram que dificilmente eu conseguiria financiamento CANADENSE.

      Já tentei fazer várias consultas sobre a solicitação de residência permanente e, segundo o perfil acima, não haveria dificuldades maiores do que as comuns. Mas o que estou achando complicado é essa equação entre as variáveis “estudar pós-doutorado”, “empregos possíveis” e “opções de financiamento”.

      Alguém já passou por situação semelhante? Teria uma luz?

      De repente há sim por exemplo possibilidade de bolsa, ou de emprego, ou qualquer outra, e eu só não consegui achar os meios…
      :discuss:

    • #46040
      mrodolfo
      Participante

      marciolm,

      Uma boa fonte de informaçoes a respeito de suas dúvidas é nosso companheiro de CBQ FCelso, que fez algo parecido com aquilo que você procura…

      Se seu objetivo é imigrar para cá, penso ser importante abrir o leque de possibilidades, pois o mercado acadêmico, como você mesmo já descobriu, é muito concorrido, mesmo para os próprios canadenses. Para ter uma ideia, o marido da professora de minha era pesquisador na ULaval. Eles passaram uns 6 meses sem saber como seria a vida deles, pois a Universidade nao informava se renovariam o contrato dele. No fim das contas, eles estao de mudança para Calgary, onde ele conseguiu um contrato de pesquisa de 5 anos…

      Procure avaliar como você se enquadraria em alguma indústria. No banco onde trabalho, existem diversos funcionários com PhD… As notícias de falta de mao-de-obra qualificada para os próximos 5 anos sao motivadoras, mas temos, na maioria das vezes, que dar um ou dois passos para tras.

      Boa sorte na sua decisao.

    • #46042
      FCelso
      Participante

      Boas Márcio,

      Se tu pretendes deixar aberta a porta da imigração a curto prazo, sugiro que busques uma bolsa do Canadá, e não do Brasil, porque aqui no Brasil, CAPES e CNPQ te obrigam a retornar ao país pelo tempo que foi concedida a bolsa.

      No meu caso, consegui uma bolsa do CBIE (http://www.cbie.ca/) para 1 ano de pós-doutorado. Não se vai como imigrante (“visto” de residente permanente) e sim como trabalhador (visto de trabalho, vinculado ao período da bolsa). No contrato da bolsa havia ainda a possibilidade de trabalhar um número “x” de horas, remuneradas e fora do projeto de pesquisa, desde que aceito pelo supervisor.

      Minha sugestão é que consigas uma bolsa de pós-doc similar à essa que obtive pelo CBIE e entre com o pedido de imigração depois que estiveres ambientado e realmente decidido, ou seja, depois de fazer um “test drive” no Québec/Canadá. Nesse test drive você experimentará o modo de vida (incluindo custos) no país, ganhando salário (bolsa) em valores locais. Você também estará sujeito ao clima e aos hábitos do local. Também poderá avaliar o mercado de trabalho “pelo lado de dentro”. O certo é que, dependendo da área e da tua capacidade de trabalho, se interessem (ou não) em ficar contigo por lá. O pacote básico que precisas dispor é inglês e francês fluentes, além do conhecimento técnico, publicações e didática, no caso de universidade (só muda as exigências dos idiomas, comparando com o Brasil). No caso da indústria, vai muito da demanda atual na área específica que tens formação. Vale salientar que muitas empresas estão patinando para sair da crise de 2009/2010, e diversas ainda estão fechando (informação recente de colega pesquisador lá – o qual já encaminhei proposta para visitar/colaborar no Brasil via CNPQ).

      Resumindo, vá pra lá com financiamento dos canadenses, experiemente e decida. No mínimo, ganharás experiência.

      Em tempo, o que está atualmente aberto e creio esteja até 15/nov:

      http://www.scholarships-bourses.gc.ca/scholarships-bourses/non_can/pdrf-brpd.aspx?lang=eng

      Outras opções estão listadas aqui, de acordo com o país (tens que selecionar o Brasil).

      http://w01.scholarships-bourses.gc.ca/scholarshipnoncdn-boursenoncdn.aspx?lang=eng

      Abraço,
      Fabrício

    • #46048
      Carlos_Santos
      Participante

      Sejam bemvindo ao nosso forum Marcio.

      Existe uma facilidade no processo de imigracao para pessoas que aqui estudam e como o Fabricio mesmo disse venha com uma bolsa daqui do Canada, do contrario teras de voltar ao Brasil no final dos seus estudos, que foi o que eu tive de fazer!

      Dê uma olhada aqui:

      http://www.immigration-quebec.gouv.qc.ca/fr/immigrer-installer/etudiants/demeurer-quebec/index.html

      No mais, se informe sobre os programas de bolsa daqui, como os que o Fabricio indicou!

    • #46385
      marciolm
      Participante

      Prezados Marcos, Fabricio e Carlos,

      Em primeiro lugar, muito obrigado, pela atenção, pelas considerações e pelos links!

      Marcos,

      Muito obrigado pela atenção. Achei muito interessante seu comentário porque antevejo, também, a alternativa de trabalhar com outros empregos mais comerciais/industriais e portanto mais acessíveis, visto que meu trabalho anterior foi todo com pesquisa (em ciências humanas) e o trabalho de docência envolve o mundo acadêmico.

      Mas isso gera uma dúvida, quanto à própria possibilidade de imigração. Há possibilidade de solicitar imigração por exemplo sem o vínculo de acadêmico, com a perspectiva implícita de buscar empregos alternativos à minha formação? Isso não acarretaria uma “pontuação” menor para a aprovação do visto de residente permanente?

      E outra: uma formação de doutorado abriria no Québec, pelo menos relativamente, o caminho para outros empregos alternativos, se preciso?

      Fabrício,

      Muito obrigado pelas considerações e links, verei cada um com bastante atenção. Realmente eu estava de sobreaviso sobre essa restrição das bolsas brasileiras, de modo a buscar (nesse cenário de imigração) alternativas québecoises.

      Quanto ao visto, você aconselha o de trabalhador porque ele seria mais fácil de obter, é isso? Pergunto porque recebi a recomendação de, tendo algum vínculo québecois (bolsa, instituição etc.), solicitar diretamente o visto de residente permanente.

      Faço também a mesma pergunta feita ao Marcos: já fiz aqueles testes para “travailleur qualifié” e recebi pontuação boa. O que significaria um perfil (pelo menos à primeira vista) “adequado” ao que eles querem. Mas para além do “qualifié”, a maioria das oportunidades não são acadêmicas, mas sim do mundo do trabalho cotidiano. Nesse sentido, haveria abertura desse “mundo” para o pessoal que vem da academia?

      Carlos,

      Agradeço novamente a atenção e os links sempre relevantes, como na oportunidade de minha apresentação. Verei também esse link com atenção. Qualquer comentário seu sobre as questões acima será muito bem-vindo.

      Reitero meus agradecimentos aos três. Abraço!

    • #46386
      FCelso
      Participante

      @marciolm wrote:

      Quanto ao visto, você aconselha o de trabalhador porque ele seria mais fácil de obter, é isso? Pergunto porque recebi a recomendação de, tendo algum vínculo québecois (bolsa, instituição etc.), solicitar diretamente o visto de residente permanente.

      Faço também a mesma pergunta feita ao Marcos: já fiz aqueles testes para “travailleur qualifié” e recebi pontuação boa. O que significaria um perfil (pelo menos à primeira vista) “adequado” ao que eles querem. Mas para além do “qualifié”, a maioria das oportunidades não são acadêmicas, mas sim do mundo do trabalho cotidiano. Nesse sentido, haveria abertura desse “mundo” para o pessoal que vem da academia?

      Márcio,

      A questão do visto é simples, se fores como bolsista de pós-doutorado, será um visto de trabalho porque consideram a atividade de pesquisador como trabalho, e não o estudo para qualificação.

      Tens que ter em mente o seguinte: visto de estudante ou de trabalho, é temporário e restrito ao período de estudos/trabalho, sendo obtido através de proposta de estudo/trabalho . O visto de residente permanente é obtido através da proposta de imigração.

      Outro detalhe: uma coisa é qualificação e pontuação para entrevista. Outra é a vida real e sua integração nela. Boa pontuação para passar na entrevista, não garante, nem de longe, uma boa integração no mercado de trabalho e na sociedade canadiana como um todo.

      O que eu sugiro fazer é aproveitar as chamadas de bolsa abertas (como essa que divulguei aqui http://www.brasilquebec.com/forum-cbq/29/4640.html) para ires como trabalhador temporário, recebendo vencimentos em moeda local e com a possibilidade de realizar o processo de imigração mais rapidamente através de um pedido pelo Canadá. Se você analisar bem, a bolsa em questão é de 2 anos, a 70 mil dólares canadenses por ano (com impostos). Isso te dá uma boa base para poderes fazer um “test drive” mais aprofundado do lugar que fores realizar o trabalho, incluindo o mercado e alternativas fora da área acadêmica.

      Abraço,
      Fabrício

    • #46389
      Carlos_Santos
      Participante

      Ola Marcio,

      @marciolm wrote:

      …. Há possibilidade de solicitar imigração por exemplo sem o vínculo de acadêmico, com a perspectiva implícita de buscar empregos alternativos à minha formação?

      Sim, fazendo o processo de imigracao qualificada ai no Brasil. Como alias eu fiz ;-)

      @marciolm wrote:

      ….Isso não acarretaria uma “pontuação” menor para a aprovação do visto de residente permanente?

      nao tem nada haver….. a pontuacao é dada pelos seus titulos (graduacao, mestrado, …) e outros fatores que estao no teste online.

      @marciolm wrote:

      ….E outra: uma formação de doutorado abriria no Québec, pelo menos relativamente, o caminho para outros empregos alternativos, se preciso?

      Sim, esta é uma vantagem de vir com bolsa daqui. Abrir portas, fazer contatos, preparar o processo aqui e depois se quiser, gostar…. ficar!

      @marciolm wrote:

      ….Quanto ao visto, você aconselha o de trabalhador porque ele seria mais fácil de obter, é isso?

      nenhum visto é mais facil do que outro. O que poucos ja conseguiram e que é REALMENTE facil para você, é aquele aonde uma empresa te da o CAQ (certificat d’acceptation du Qc). Mas nao é facil convencer uma empresa a te dar um caq.

      @marciolm wrote:

      ……. Mas para além do “qualifié”, a maioria das oportunidades não são acadêmicas, mas sim do mundo do trabalho cotidiano. Nesse sentido, haveria abertura desse “mundo” para o pessoal que vem da academia?

      depende de como vc se apresenta e de suas experiencias….. mesmo com um posdoc eu consegui o meu emprego e usando apenas minha graducao e de nenhum dos outros meus diplomas ;-(

      Bom, é isso!

      Boa sorte!

    • #46411
      marciolm
      Participante

      Fabricio e Carlos,

      Obrigado novamente! Enfim, as coisas começam a clarear melhor.

      Pelo que vocês dizem, vejo 2 cenários possíveis, e minha pergunta é a seguinte: eles fazem sentido? É mais ou menos por aí?

      Cenário 1: Ir como estagiário de pós doc, solicitando 1a) visto de estudo/trabalho ou 1b) visto de residente permanente.

      Nesse sentido, cabe negociar a aceitação formal do prof. supervisor e da instituição, vencer a concorrência da bolsa (existem bolsas de pós-doc sem concorrência? Na UQTR, um dos locais buscados, há bolsa sem concorrência até o doutorado, pelo menos segundo o representante da universidade que acolhe os alunos estrangeiros) e solicitar os vistos.

      Cenário 2: Ir como trabalhador qualificado

      Nesse caso tento a imigração com base em minhas qualificações, sem vínculo prévio no Québec. Quanto a esse cenário, já fiz reuniões de consultoria no Brasil sobre as “probabilidades” do processo de imigração ser aceito. O consultor disse que a probabilidade é maior se há algum vínculo prévio no Québec, como por ex. o pós-doc/bolsa. Mas pelo que disse principalmente o Carlos, tive a impressão de que esse tipo de critério não é tão rígido/absoluto assim. É mais ou menos isso?

      Enfim, de qualquer modo a ida como pós-doc parece melhor e garante mais portas, como vocês disseram. Mas estou tentando considerar todas as possibilidades. Os cenários acima estariam coerentes? Precisariam de mais dados para ficarem mais consistentes?

      Novamente meu obrigado e um abraço!

      Marcio

      :discuss:

    • #46413
      Carlos_Santos
      Participante

      ola Marcio,

      de fato eu so tinha visto duas possibilidades:

      – Cenário 1: Ir como estagiário de pós doc, solicitando 1a) visto de estudo/trabalho
      – Cenário 2: Ir como trabalhador qualificado (Residente Permanente- RP)

      a opcao 1b eu nao acredito que seja uma boa opcao, visto o tempo do processo de RP. Imagino que a 1a seria a melhor por ser mais rapida, e te dar a chance de decidir se é aqui mesmo que vc quer viver e depois iniciar o processo de RP.

      Nao acredito em bolsas sem competicao, à menos de estar numa area muito rara de pesquisa. Mesmo assim…. tenho minhas duvidas.

      É claro que se tiver um vinvulo com o Qc, como uma bolsa de estudos, vc deve ter alguma vantagem no processo de RP, mas o que eu conheci fazendo isso, so procuraram a bolsa depois de terem o status de RP ou nunca o procuraram antes da bolsa!

      é isso!

    • #46442
      marciolm
      Participante

      Pois é Carlos,

      Fui num desses eventos de universidades québecoises onde habito e o representante da UQTR atraiu toda a atenção. “Ao vivo” ele havia me assegurado de que nem haveria necessidade de bolsa pq os estagiários de pós doc são “embauchés” imediatamente pelo departamento. Vendo mais de perto, com os professores, não foi bem essa a resposta: havia sim possibilidade d’embauche, mas prioritariamente para ex-alunos que seguem os estudos. O que dá no colocado acima: houve abertura “acadêmica”, mas em termos de financiamento seria necessário solicitar uma bolsa (embora o professor disse que “fariam o máximo” para eu ser contratado).

      Nesse sentido eu gostaria de perguntar a você e ao Fabricio: conseguir a bolsa nessas concorrências foi muito difícil? Digo isso em termos de concorrência mesmo, pois certamente quem chega “de fora” tenta jogar o nível lá para cima para ser bem sucedido, mas quando está “dentro” de repente vê com os outros projetos que a exigência poderia não ser tão grande. Estou bastante tentado para sugerir logo a um dos professores disponíveis para que eu concorra na Banting ou numa dessas outras que abrem agora, mas o risco precisa ser muito bem calculado pelo tempo e esforço gastos. Conheço alguns trâmites das instituições brasileiras, mas quanto às québecoises, está tudo ainda obscuro.

      Abraço e obrigado!

    • #46443
      FCelso
      Participante

      Boas Márcio,

      Você tem 2 opções claras:

      1) estagiário de pós doc SENDO PAGO para ficar 2 anos no QC, sendo que isso depois contará pontuação como experiência canadense e ainda no quesito integração com a cultura quebeca; isso caso tu decidas/verifique que é uma boa opção para você ficar no QC/Canadá;

      2) trabalhador qualificado PAGANDO pelo processo, sem qualquer previsão de sustentabilidade econômica que não as tuas próprias economias (que devem ser pelo menos o dobro do recomendado pelo ministério da imigração – minha opinião)

      Em relação às bolsas, ser concorrido, verifique atentamente os detalhes da seleção e monte a tua submissão de proposta de acordo com as regras. Geralmente existem cotas para estudantes estrangeiros, um número por país, por exemplo. Na minha turma, eram 15 brasileiros e 15 de outras partes do mundo (europa principalmente), quase todos de áreas diferentes. Foi feita uma reunião com os bolsistas em Ottawa e representantes das embaixadas (pago pelo governo canadiano). Nessa reunião o representante do consulado brasileiro nos disse que foi solicitado um número maior de bolsas para os brasileiros devido à grande procura, o que foi aceito pelo governo canadense e acredito tenha facilitado a entrada de mais gente que tinha projetos adequados e interessantes.

      Vou te dar um conselho, de um engenheiro (eu) para um cara das humanas (você): Não perde tempo com firulas, seja objetivo e monta logo o projeto, agiliza isso com o professor lá pois geralmente eles têm projetos em andamento. É só ajustar a proposta para encaixar nos requisitos da instituição que dá a bolsa. E considera que, o mínimo que vai acontecer é você não ser selecionado, o que te deixa ainda com a opção de tentar de novo no 1) ou aplicar no 2).

      Abraço,
      Fabrício

    • #46458
      Carlos_Santos
      Participante

      assino em baixo as palavras do Fabrício!

      Eu nao tive bolsa aqui pois nao tive esta chance no meu processo de RP. Se tivesse eu teria corrido para pegar!

      Abraços e boa sorte!

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