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28 de fevereiro de 2008 às 12:07 #5550marciobarrosParticipante
Então, se o Québec se tornar uma nação totalmente separado do Canadá, qual seria sua postura? Continuaria morando no Québec? ou se mudaria para outra província?
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28 de fevereiro de 2008 às 12:21 #26072PessoaParticipante
SE, um dia isto acontecer e eu estiver bem em Montréal, não mudaria. Só estou saíndo do Brasil pq não suporto mais viver aqui.
Mesma coisa com o Québec, se a vida se tornar insuportável, eu mudo. Se permanecer a mesma eu fico.EU não estou indo para lá pelo CANADA ou pelo QUÉBEC, estou indo para lá pela qualidade de vida. Se esta qualidade de vida mudar, eu me mudo.
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28 de fevereiro de 2008 às 15:12 #26079maurorepacciParticipante
Eu mudaria para outra província. Se o Quebec um dia separar do Canadá, no dia seguinte o Quebec decreta falência porque eles teriam que pagar por TODOS os prédios, construções, rodovias, ferrovias FEDERAIS. Dá pra imaginar isso?
Outro ponto, o separatismo é coisa do passado. Hoje em dia a maioria é contra. Claro que sempre tem uns idiotas que ficam defendendo isso mas, a maioria quer defender a língua frances e a cultura mas não quer separar do Canadá. Mesmo porque, antigamente eles queriam separar do Canadá porque o Quebec pagava mais imposto e recebia menos em troca do governo federal (como São Paulo, Minas e Rio no Brasil) mas essa realidade esta mudando. Alberta e BC estao bem mais ricos e crescendo mais. Mesmo as outras províncias estao crescendo mais que Quebec e Ontário.
Finalizando, Quebec jamais vai separar do Canadá mas se separar eu mudo para BC no dia seguinte.
Abraços,
Mauro -
28 de fevereiro de 2008 às 15:20 #26080karlamatiasParticipante
Parabéns, Pessoa! Quero dizer que realmente gostei da sua resposta porque você foi o primeiro que não veio com a conversinha de “amor eterno ao Québec”. Conversinha bem hipócrita na minha visão!
Recentemente uma galera estava debatendo que assinamos um documento afirmando a intenção de viver e trabalhar no Québec e devemos honrá-lo. Concordo plenamente! Estão certíssimos! Porém… desde que o Québec cumpra sua parte no “acordo”! Se eu tiver de jurar amor eterno “na alegria e na tristeza, na saúde e na doença” vai ser ao Brasil, mais especificamente à Paraíba, não ao Québec ou qualquer outro lugar do mundo. Não vai ser um visto de residente permanente ou o passaporte que vai me tornar canadense. Aos 30 anos de idade, tendo vivido minha vida toda aqui, sou brasileira e ponto final! Apesar de todos os pesares, foi no Brasil que me tornei quem sou, que conquistei o que conquistei. Não quero ir na onda de cuspir no prato onde comi não como tenho visto algumas pessoas fazendo!
Esse papo de “me identifico com a cultura do Québec”, com raríssimas exceções, só serve pra fazer bonito na frente do examinador na entrevista, não me convence não porque mais de 90% das pessoas que conheço, que estão no processo, nunca tinham se interessado pela francofonia, não sabiam uma palavra em francês antes de ouvir “o canto da sereia” da imigração e nem sabiam direito o que era o Québec. Na verdade, essa conversa não convence nem o entrevistador! É um teatrinho: os candidados ensaiam a entrevista, os entrevistadores fingem que acreditam em tudo (lógico, eles consideram de verdade as qualificações, o que é autêntico). Mas o Québec sabe muito bem o que atrai os brasileiros e sabe fazer seu marketing direitinho. O que eles vêem (e adoram ver) na entrevista é até que ponto a gente é capaz de se esforçar fazendo o que eles desejam (se encaixando nos critérios) pra conseguir o que a gente quer (a promessa que eles fizeream de que teremos uma vida melhor). Eles sabem muito bem que não é uma pasta bonitinha cheia de papéis de pesquisa na internet que garantem a integração cultural de ninguém!
Se um país africano, hoje na miséria, ficasse rico da noite pro dia e oferecesse as mesmas vantagens, tenho certeza que o coração de muita gente ia se tornar africano rapidinho! Afinal de contas, por que será que tem tanto brasileiro mesmo se apaixonando pela China e por Dubai? E se tanta gente se identifica com a cultura do Québec, por que querem levar o Brasil na mala (roupa à la brasileira, comida à la brasileira, tudo à la brasileira etc.). Não estou criticando essa de levar o Brasil na mala não (antes que gere polêmica). É uma atitude normal, uma expressão de identidade cultural, é se agarrar em coisas que nos dão segurança, que nos são familiares. O que critico é a hipocrisia de alguém abrir a boca pra dizer que vai se tornar québecois e transformar a vida no Québec uma cópia da vida no Brasil.
Sou bem franca nesse ponto: estou animadíssima pra ir viver em Montréal, sei das dificuldades que vou ter principalmente no mercado de trabalho, vou fazer o possível e impossível para viver bem lá, me sentir em casa, falar a língua deles, respeitar o estilo de vida deles etc. afinal, estarei vivendo no lugar deles, tenho obrigação de respeitar mesmo que minimamente as normas sociais locais. Mas se não rolar, caio fora sem dúvida! A minha resposta é exatamente a mesma sua, e não apenas em relação a separar ou não do Canadá. Com separação ou sem separação, não deu certo, tô fora!
Quanto à luta separatista em si, até que eu compreenda o que está por trás, o que motiva os québecois a desejar a independência, o processo histórico etc., não tenho como dizer se é bom ou ruim, as conseqüências… Já li algo a respeito, mas para nós brasileiros que ainda não estamos inseridos na cultura, ler sobre esse assunto é como descrever os dogmas de uma religião que não é a nossa: podemos apontar os seus elementos, mas a fé profunda só o religioso praticante é capaz de ter. Tenho alguns amigos estrangeiros que não entendem, por exemplo, o que significa ser nordestino no Brasil. Eles olham as fotos da minha cidade, acham tudo lindo e mesmo os que vieram aqui não entendem porque nós somos discriminados no sudeste e sul do país. Leva-se muito tempo pra compreender um processo histórico, o que a gente vê de fora é só a superfície! Enquanto eu não entendo, eles que são brancos que se entendam! ;)
Bom final de semana, gente! :beer2:
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28 de fevereiro de 2008 às 15:53 #26084mreboucasParticipante
Karla,
Eu assino em baixo do q vc escreveu !!! Já tive algumas experiencias fora, mas nunca esqueci de minha origens !!! E é isto ai, infelizmente nosso país tem problemas críticos q nos obriga a seguir novos rumos, mas entre isto e falar q nosso país é o pior do mundo, tem muita diferença !!! Temos q procurar o melhor para a gente, mas sem esquecer quem somos e de onde viemos, nao olhando só para o lado ruim, mas por tudo q nosso país ja nos ofereceu !!!
Eu me considero fazer parte da minoria, pois desde 2000 penso em ir para Montreal, e um dos fatores principais foi justamente o frances e o charme frances q o quebec tem, isto pq adoro a frança. Mas, como estamos no mundo procurando o melhor, eu tbm mudaria sim, para um lugar melhor, caso este nao cumpra com minha expectativas.Abraços,
Mario Rebouças -
28 de fevereiro de 2008 às 16:44 #26085MalamanParticipante
Acho que essa questão é mais complexa do que simplesmente uma “conversinha hipócrita”. É preciso lembrar que muitas pessoas ou melhor, muitos povos vivem sobre maior ou menor intensidade de aspectos IDEOLÓGICOS.
Achei na WIKI a definição de IDEOLOGIA = “Ideologia é um termo usado no senso comum contendo o sentido de “conjunto de idéias, pensamentos, doutrinas e visões de mundo de um indivíduo ou de um grupo, orientado para suas ações sociais e, principalmente, políticas”
Se no passado os habitantes de Québec agiram no sentido da separação é porque tinham esta IDEOLOGIA em comum devido a influência do contexto como por exemplo os fatores colocados pelo Mauro.
A IDEOLOGIA também tem outro lado. Vejam o que Karl Marx pensa sobre isto:
“A IDEOLOGIA pode ser considerado um instrumento de dominação que age através do convencimento (e não da força), de forma prescritiva, alienando a consciência humana e mascarando a realidade.”Não dá para fazer um julgamento sem uma análise profunda. Porém creio que hoje esta “IDEOLOGIA” separatista esteja muito enfraquecida.
Abraços !
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28 de fevereiro de 2008 às 18:10 #26093karlamatiasParticipante
Oi, Ricardo, acho que só não fui compreendida em um ponto: a “conversinha hipócrita” à qual me referi não é a ideologia separatista. A “conversinha hipócrita” à qual me refiro é àquela dos brasileiros que alguns dias atrás ouviram falar do Québec pela primeira vez em uma palestra e já se declaram francófonos, québecois de corpo e alma, beijando a bandeira do Québec, renegando o Brasil e fazendo juras de que vão ficar no Québec pro que der e vier!
Sobre a luta separatista, repito: não podemos emitir opiniões mais firmes a respeito porque não fazemos parte dela, não sabemos o que motiva os québecois a desejarem isso, não conhecemos o processo histórico. O que sabemos é o que lemos nos jornais, na internet etc. e isso é muito diferente de conhecer os anseios da população, acompanhar a luta de grupo social de perto. Bem, sei muito pouco da luta separatista no Québec, ultimamente tenho me preocupado mais com as políticas de emprego e renda no Brasil (tema da minha dissertação) e em compreender lutas sociais brasileiras, pois tenho mais contato com pessoas dessa realidade já que ainda moro aqui.
Se eu for me basear meramente na ideologia política, acho compreensível que o Québec deseje ficar independente, já que é uma província que ainda luta pela manutenção do Estado Social (Welfare State) dentro de um país que cede ao avanço do neoliberalismo. Se o Québec entrar no jogo neoliberal das palavras de ordem “privatização”, “desmantelamento do Estado”, “liberdade de mercado” etc. os brasileiros que estão indo saltitantes para o Québec pra ter uma vida mais feliz com educação, saúde, segurança… podem tirar o cavalinho da chuva porque é comprovado cientificamente que as nações que enfraquecem o Estado e cedem ao mercado, excluem a maior parte da população do “jogo” (nós seríamos excluídos em peso porque somos imigrantes) e precisam construir mais presídios porque o Estado de repressão é necessário para garantir a “paz”. Mas, enfim, não dá pra julgar a luta separatista com base apenas na ideologia, já que certamente outros fatores estão em jogo.
Já que você falou em ideologia, deixo uma dica de leitura. Não é sobre o assunto diretamente mas ajuda a entender. Pra quem quiser praticar o francês, vai o texto original, mas quando fui usar esse texto em uma aula, cavei na net e encontrei uma versão portuguesa. Boa leitura!
La nouvelle vulgate planétaire – Par Pierre Bourdieu et Loïc Wacquant
http://www.monde-diplomatique.fr/2000/05/BOURDIEU/13727Tradução: A nova Bíblia do Tio Sam
http://www.lainsignia.org/2001/marzo/int_023.htm -
28 de fevereiro de 2008 às 18:32 #26095karlamatiasParticipante
@karlamatias”;p=”19715 wrote:
Parabéns, Pessoa! Quero dizer que realmente gostei da sua resposta porque você foi o primeiro que não veio com a conversinha de “amor eterno ao Québec”. Conversinha bem hipócrita na minha visão!
Perdão, Ricardo, você não entendeu mal não, fui eu quem não se expressou bem!!! Eu queria dizer “conversinha de ALGUNS BRASILEIROS DE “amor eterno ao Québec”. Por isso que pareceu que eu estava me referindo à luta separatista.
O “amor eterno ao Québec” dos québecois, você está coberto de razão, só quem sabe da ideologia deles são eles! O que a gente fala é só “achismo”. Mas o “amor eterno ao Québec” dos brasileiros é que acho esquisito! Logicamente, com a exceção daqueles que possuem alguma ligação mais antiga ou profunda com o Québec, ai dá pra entender!
Se bem que a nossa cultura é engraçada: a gente acaba de conhecer alguém tomando uma cerveja numa mesa de bar e vira amigo de infância! Talvez essa identificação cultural em tempo recorde com um lugar onde nunca pisamos (é o caso da maioria) seja um traço cultural nosso mesmo! :P
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28 de fevereiro de 2008 às 18:52 #26097ThiagocostaParticipante
Karla,
Assino embaixo do que vc falou!
Sds,
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28 de fevereiro de 2008 às 18:52 #26098marciobarrosParticipante
Algumas posturas do Québec separatista trazem dificuldades para o imigrante, por exemplo: Ao validar um diploma na área de saúde no Québec, o profissional não pode exercer sua profissão em outas províncias, e vice-versa. Ou seja, o imigrante da área de saúde que for para o Québec, é como estivesse imigrando para um outro país que não é o Canadá. Ficará restrito ao trabalho na província, digo ao país Quebec. Caso contrário, terá que começar tudo novamente em outra província.
Não sei quanto as outras ordens profissionais, mas é complicado para o imigrante da saúde.
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28 de fevereiro de 2008 às 19:26 #26102mreboucasParticipante
Ja outras posturas permitem q nós imigremos mais facilmente para o Canadá!!!
Abraços,
Mario Rebouças -
28 de fevereiro de 2008 às 19:44 #26104karlamatiasParticipante
Márcio, isso é verdade, como estamos indo na seleção do Québec certamente vamos ser afetados por toda e qualquer decisão política da província. A imigração é como um casamento, um pacote completo, com bônus e ônus! hahaha :lol: E, por enquanto, vamos ter de ficar apenas assistindo os acontecimentos, já que a participação política só é permitida com a conquista da cidadania.
Não averiguei ainda se com “participação política”, eles se referem apenas ao direito ao voto ou também a debater política. Aqui no Brasil, lembro de um professor cubano com quem fiz um curso de planejamento turístico que se calava quando começávamos a falar dos aspectos políticos do planejamento, e ele explicou que fora “proibido” de debater política aqui. Alguém que entende de diplomacia, favor explicar se essa proibição procede! Achei pesado falar em “proibição”, mas não sei! Fiquei pensando: será que essa probição é só para cubanos? Até onde eu sei os norte-americanos opinam bastante na política brasileira… e na do resto do mundo! hahaha :P
Sou formada em turismo e na minha área não há uma ordem profissional. A minha profissão não é regulamentada porque o mercado de trabalho não é homogêneo como o de vocês da área de saúde. Posso trabalhar em qualquer província canadense. Se bem quem agora vc me despertou uma dúvida: não vou precisar de entrar numa ordem para atuar no operacional (hotéis, agências etc.), mas como pretendo lecionar no ensino técnico, vou fazer a avaliação de estudos pra tentar validar meu mestrado no Québec. Me pergunto agora se a validação vai me permitir lecionar em outras provícias. Vou procurar me informar, e se alguém souber, compartilhe essa informação, por favor, pois sei que não sou a única que pensa em lecionar lá.
Mauro, só fiquei meio incomodada com um detalhe da sua declaração: não acho que pessoas que lutam por uma causa social/política possam ser consideradas “idiotas” não: 1. porque só quem entra numa luta social sabe o que o motiva; 2. porque as lutas sociais não são coisa do passado, hoje elas são mais necessárias do que nunca!
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28 de fevereiro de 2008 às 20:27 #26105MalamanParticipante
Karla,
Na minha opinião o que explica o “amor eterno ao Québec” por brasileiros, é que este grupo de brasileiros se identifica com esta IDEOLOGIA. E essa IDEOLOGIA prefiro não julgar, cada um tem suas opiniões e faz o que bem entender, respeito a todos desde que não prejudique ninguém.
Na minha opinião, as palestras do Québec no Brasil causam um impacto muito grande no emocional das pessoas que participam, não que o Québec faça isso de propósito, mas porque as diferenças entre os países é muito grande. Você sai da palestra do Québec querendo ir embora do Brasil no dia seguinte ! Alguns, só falam disso em casa, com os amigos, no trabalho a pessoa vive em função disso. Eu conheço vários que são assim.
Muitos brasileiros, quando vão a uma palestra, ficam impressionados e acabam assumindo novos pensamentos, novas IDEOLOGIAS. Uns exageram e acabam por incorporar o Québec totalmente na vida deles, inclusive o nacionalismo e o orgulho dos quais ele nunca sentiram do Brasil.
Abraço a todos !
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28 de fevereiro de 2008 às 22:22 #26110karlamatiasParticipante
É, Ricardo, vou matutar um pouco sobre isso… Não assisti a nenhuma palestra, dei entrada no processo estimulada por amigos que moram lá, brasileiros e nativos. O entusiasmo eu entendo perfeitamente, é normal, porque toda mudança na vida da gente, principalmente uma mudança que traz esperança de dias melhores, causa animação. Eu também estou no processo, também falo muito a respeito com a família, amigos… Dez anos atrás quando fui à Inglaterra, lembro que fiz a contagem regressiva no calendário de tão feliz que estava com a viagem.
Mas a questão específica do nacionalismo é que ainda preciso entender e acho que não é algo tão individual e pessoal não, é algo que percebo que está atingindo as pessoas coletivamente. E até o ponto em que os imigrantes que saírem daqui começarem a pintar uma imagem cada vez mais negativa do Brasil lá fora, deixa de ser algo de interesse apenas pessoal. Já respondi inúmeras vezes à pergunta “por que você quer vir pra cá?” Enquanto a gente responde com algo pessoal, beleza! Mas se todos resolverem malhar o país, tá ruim! Considerando o discurso de algumas pessoas que estão enfeitiçadas pelo Québec, a imagem do Brasil que será transmitida com essa leva de imigrantes não é muito bonita, pois já vi gente esculhambando o país num tom de subserviência pra exaltar o Québec e agradar os nativos.
Vi alguém dizendo no tópico sobre a matéria do Jornal Nacional algo do tipo “o problema é que muitos brasileiros vão imigrar ilegalmente e prejudicar a gente que tá indo legalmente”. Lembro que muita gente reclamava que na Disney, brasileiro era visto como mal-educado e barulhento. Algumas brasileiras reclamam que não são respeitadas pelos homens no exterior porque brasileira tem má fama! E ai? E se é decisão pessoal ir ilegalmente? E se educação de casa é algo individual? E se a vida sexual de alguém também é pessoal? Por que tem tanta gente preocupada? Pra mim, a resposta é que nós temos uma responsabilidade com a imagem do grupo ao qual pertencemos. Lembro que na escola onde estudava quando era pequena, alunos pegos fazendo algo errado com a farda da escola sofriam punições severas para resguardar a imagem da escola.
Você disse bem: “desde que não prejudique ninguém”. Mas o “nacionalismo québecois” dos brasileiros que estão nesse estado de exaltação se dá às custas da imagem do nosso país. Não acho legal não! Pra mim, o Brasil é como alguém da família com quem se briga de vez em quando, e a gente até aponta os defeitos, mas não permite que ninguém desrespeite e no fundo o que a gente quer é conviver melhor. Acho que falta essa atitude nos brasileiros, de debater os problemas do país sem denegrir a nossa imagem. Tenho lido coisas que machucam. Por isso que me permito criticar tal atitude, não como julgamento pessoal, mas como brasileira.
Abraço!
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28 de fevereiro de 2008 às 23:28 #26112maurorepacciParticipante
Katia,
Eu acho que se isso for verdade “não acho que pessoas que lutam por uma causa social/política possam ser consideradas “idiotas” não: 1. porque só quem entra numa luta social sabe o que o motiva; 2. porque as lutas sociais não são coisa do passado, hoje elas são mais necessárias do que nunca!” então não podemos chamar nem o Bush nem o Hitler de idiota.
Eu acho que separar o Quebec do Canadá é uma idiotisse sim. Por outro lado, não acho que lutar pela língua francesa e pelos valores da sociedade quebecois seja uma idiotisse. E eu concordo com muita coisa que o Bloc Quebecois propoem em Ottawa e o Parti Quebecois defende aqui no Quebec.
Outra coisa, voce disse que o Quebec “já que é uma província que ainda luta pela manutenção do Estado Social (Welfare State) dentro de um país que cede ao avanço do neoliberalismo”. Essa não é a ideologia dos separatistas. Mesmo porque existem dois partidos separatistas no Quebec, um de liberal (ADQ) e um de social-democrata (PQ) e nas últimas eleições o ADQ recebeu mais votos que o PQ. E o ADQ defende o desmantelamento do Estado.
Dê uma olhada no link abaixo:
http://fr.wikipedia.org/wiki/R%C3%A9sultats_des_%C3%A9lections_g%C3%A9n%C3%A9rales_qu%C3%A9b%C3%A9coises_depuis_1867Outro ponto, aqui no Canadá existe um outro partido chamado NDP que é muito forte no centro e oeste do Canadá. E esse partido é exatamente que defende o welfare-state e o socialismo decrata. Veja, o link: http://en.wikipedia.org/wiki/New_Democratic_Party.
Eles sao governo em Manitoba e foram governo por vários anos em Ontario, BC e Saskatchwen. Portanto, eu acho que é falácia dizer que o Quebec tem que separar para defender o welfare state.
Retirei o parágrafo abaixo do site do Parti Quebecois, leia e me diga o quanto eles querem defender o welfare state:
“Par ailleurs, le Parti Québécois doit moderniser sa conception de la social-démocratie pour la faire reposer sur une lecture réaliste et progressiste d’un Québec et d’un monde qui a changé. Nous devons accepter de nous ouvrir à des formes nouvelles et audacieuses de collaboration entre le secteur privé, le secteur communautaire et le secteur public. Il n’y a rien qui ne puisse être remis en question si cela sert le bien commun. Et le bien commun s’inscrit aussi dans le bien-être individuel. L’équité et la justice sociale ne sont pas nécessairement synonymes d’uniformité.”
Acho interessante entender porque os separatistas de hoje em dia defendem isso e quão diferente isso é da época do René Levésque que trouxe várias conquistas para o Quebec.
Essa é minha opinião.
Mauro -
29 de fevereiro de 2008 às 00:22 #26117luciojuniorParticipante
Karla,
gostei muito do seu ponto de vista em todas colocaçoes. Acho que voce esta preparada pra se dar bem por aqui ou qualquer outro lugar.
Mauro,
ha inumeros estudos sobre a separaçao do Québec. Muitos provam a continuidade de crescimento do Québec independente. Ha outros tambem que acham que o “pais” ficaria mais vulneravel, mas estes estudos se baseiam na hipotese de haver uma “debandada” de empresas, caso o Québec se separe.
É bom lembrar que a “grande debandada” ja aconteceu na ocasiao do primeiro plebiscito, fazendo, inclusive, que Montreal perdesse o posto da cidade com maior economia no canada pra Toronto. A situaçao hoje é muito mais estavel, com muito mais facilidade nas relaçoes diplomaticas, comerciais, etc.
É ainda muito bom lembrar que é IMPOSSIVEL pra nos, recém chegados por aqui, emitirmos uma opiniao se isso é bom ou nao. Nao é nossa historia, nosso povo, nossa cultura…O sentimento deles é completamente diferente do que possa ser o nosso. E tem mais, mesmo se fosse um grande erro a separaçao (o que nao me agradaria) acho que eles têm todo o direito de fazê-lo, se quiserem. É o “pais” deles! É realmente um outro povo, com uma outra cultura, outra lingua, outros valores, etc. Eles tem o direito de tentar.
Pois é o que penso.Marciobarros,
esta questao da limitaçao geografica pra se trabalhar no Canada nao acontece so com os imigrantes nao. Isso é meio que uma regra geral do Canada. Depende de cada provincia. Qualquer canadense formado no canada fora do Québec, podera enfrentar as mesmas dificuldades que voce. A reciproca tambem é verdadeira, os quebecois poderao enfrentar dificuldades pra trabalhar em outras provincias. Isto tudo vai depender das ordens profissionais de cada provincia.
Acho que é isso!
Abs!
Lucio
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29 de fevereiro de 2008 às 15:00 #26139thiago7000Participante
Que bom que surgiu um tópico interessante na comunidade!!
Eu concordo que é uma posição totalmente precipitada um brasileiro dizer que apóia a soberania da província do Québec; Como eu, recém chegado a um lugar, posso emitir opiniões acerca de uma situação que vem se processando mesmo antes de eu ter nascido?? É preciso algum tempo até que você tenha autoridade suficiente para emitir qualquer opinião.
No entanto, isso não impede que nós procuremos ENTENDER a situação. E acho que a grande maioria dos que desejam se mudar não tem idéia do panorama do Québec contemporâneo, e nem os fatos que levaram a esta conjuntura. Poucos dos que estão interessados em migrar sabem o que é a Bill 101, a polêmica acerca das “reasonable accomodations”, quem foi Maurice Duplessis, o que foi a Quiet Revolution… não conhecem mesmo as amenidades (amenidades para nós… ice hockey é assunto sério por lá!) como quem foram o Québec Nordiques, qual o fim que levaram, quem foi Mario Lemieux… Fora aquela lista feita para se decorar para a entrevista, com nomes de artistas nascidos no Québec, grande parte dos brasileiros interessados na mudança não tem nenhum conhecimento acerca da cultura e arte da belle province; se não conhecem as amenidades, o que dizer então, da política, esse assunto tão complexo!Os motivos que levam o Quebec à esse desejo de se tornar uma nação, é bem simples: proteger sua cultura. E eu acho que todos que querem ir, tem como responsabilidade, conhecê-la a fundo, já que no último referendo que houve, os imigrantes tiveram um papel fundamental para que o Québec continuasse fazendo parte do Canadá, gerando até mesmo um certo desconforto em parte da população.
Não tenho opinião formada ainda, mas mesmo que fosse a favor da soberania, não seria hipócrita o suficiente para gritar um “Vive le Québec Libre”. Essa não é a realidade brasileira.
E para quem quer se informar, e se destacar das carretas de brasileiros ignorantes que chegam no Canadá todos os dias, recomendo que leiam o livro “Quebec: a short history”, de John Alexander Dickinson e Brian Young. É em inglês, e é um dos melhores livros sobre a história da província. -
29 de fevereiro de 2008 às 15:04 #26140thiago7000Participante
E respondendo a pergunta… eu esperaria para ver… se a situação continuasse boa por lá, ficaria sem problemas.
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1 de março de 2008 às 01:42 #26168ibere81Participante
Tenho de discordar totalmente da opinião da Karla.
Não vejo problema nenhum em detestar o Brasil. Eu e minha esposa sempre detestamos (o nosso blog inclusive chama-se Brésil je te déteste, que tá meio abandonado aliás). Por que eu sou obrigado a gostar de um lugar só por ter tido o infortúnio de ter nascido nele?
Não juro amor eterno ao Québec: se as condições para imigrar fossem melhores em outros países ou mesmo outras províncias do Canadá, eu ia. Mas a partir do momento que eu adoto uma novo país para ser o meu país, é pra valer: não vou ficar fazendo churrasquinho na laje com os outros brasileiros pra assistir à copa do mundo (detesto futebol, aliás) e ficar se lamentando sobre como o Brasil é um país maravilhoso. Sinceramente, acho isso patético.
Quando eu digo “boas condições para imigrar” não estou falando só da lingua, emprego e coisa e tal não, estou falando inclusive do aspecto cultural: eu gosto da cultura québécoise… gosto da música, dos filmes, da arte, arquitetura. Muito mais do que a do Brasil. Pra falar a verdade eu gosto mais da cultura de um montão de lugares do que a do Brasil. Vou viajar pra Montreal mês que vem e provavelmente vou a mais shows lá nos 20 dias que vou viajar do que nos últimos três (tristes) anos que estou no Brasil desde que voltei pra cá (morei por pouco tempo nos Estados Unidos).
E se me perguntarem o que eu acho do Brasil, não tenho como mentir… não vou ficar escondendo as cagadas que esse nosso povo “maravilhoso” faz por aqui. Por que faria isso? O Brasil é um lugar ruim. Se não fosse, não estaria imigrando. E se você não acha ruim, por que vai imigrar?!
E pelo amor de deus não me venham com essa história de que “ah mas o Canadá também não é um mar de rosas” e blá blá blá. Todo mundo aqui já é grande o suficiente pra saber que não existe paraíso na terra, mas querer comparar qualquer país de primeiro mundo com o Brasil, pelamordedeus… é covardia. Taxa de homicidio do Brasil: 27 por 100.000, taxa de homicidio no Canada: 1,95 por 100.000. :( Índice de Desenvolvimento Humano: Brasil está na 70ª posição (atrás de países como Panamá, Libia, Tonga, Mexico, Costa Rica, Uruguai…), tendo caído uma em relação ao ano passado – se cair mais uma posição, passa pra “segunda divisão” do desenvolvimento humano (de “alto” pra “médio”), o Canadá está em 4º, tendo subido duas em relação ao ano passado.
O único jeito dos brasileiros que imigram passarem uma imagem ruim do país são com suas atitudes: querendo ser espertos, formando guetos e não se integrando na sociedade, não respeitando os costumes do novo país… simplemente contar a realidade do país não vai afetar em nada o que os outros acham do Brasil.
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1 de março de 2008 às 01:44 #26169ibere81Participante
Oops…. postei duas vezes sem querer…
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1 de março de 2008 às 04:05 #26174luciojuniorParticipante
ibere81,
Torço para que voce seja uma exceçao, mas na maioria das vezes os insatisfeitos la sao insatisfeitos aqui também.
É claro que o Canada oferece melhores oportunidades para seus cidadaos, mas quem é o Canada? Uma pessoa? Sabemos que nao. O Canada nada mais é do que a somatoria dos seus cidadaos. Sao as pessoas que formam o pais.
Mesmo com seu passaporte canadense nas maos, voce NUNCA sera considerado por aqui um canadense, e sim um brasileiro que se tornou cidadao canadense. O que na pratica é muito diferente. Voce vai experimentar disso quando chegar por aqui.
Nossas raizes estao la. Queira voce ou nao. Nosso pais esta nessa situaçao por minha e sua causa e, ainda, pela causa de nossos milhoes de amigos que habitam numa passividade e omissao eterna.
Nao leva a mal nao, nao tem nada de pessoal, mas se voce detesta a terra que te alimentou e te formou sera muito dificil que voce ame alguma outra.
Mas, sinceramente, torcerei muito para voce ser feliz onde quer que voce for.
Abs,
Lucio
p.s. pensando melhor e seguindo o mesmo raciocinio, se vc detesta o brasil e o pais é, nada mais, que o produto de seus cidadaos isto significa que voce me detesta, detesta cada um que colabora nesse site, detesta seus amigos e até a voce mesmo. A menos que voce nao se considere brasileiro.
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1 de março de 2008 às 04:43 #26176fflushParticipante
reclamar do brasil e sair fora e’ muito facil e conveniente.
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1 de março de 2008 às 05:49 #26179ibere81Participante
Como eu já comentei, eu já morei fora. Durante o tempo em que estive longe dessa terra maldita fui muito feliz. Voltei pra cá e os problemas voltaram também. No caso da minha esposa, por exemplo, problemas físicos mesmo, como insônia, arritmia, falta de ar… sumiram quando ela estava lá e voltaram quando ela voltou para o Brasil. Por mais que “pegue mal” falar isso hoje em dia, amo os Estados Unidos muito mais do que o Brasil, mesmo tendo vivido muitíssimo pouco tempo lá se comparado com o tempo que vivi aqui.
Continuo sem entender porque sou obrigado a gostar de um lugar só porque nasci nele.
É claro que eu nunca serei um canadense, assim como o “português da padaria” mesmo vivendo ha 30 anos no Brasil continua sendo sempre o portuga, mas isso faz parte de ser um imigrante e todos tem de estar preparados para isso.
É difícil explicar a sensação de inadequação que sinto ao viver no Brasil… trabalhei com muitos brasileiros durante o tempo que morei fora e simplemente não conseguia entender porque eles queriam voltatr para o Brasil, assim como muitas pessoas não entendem porque eu quero sair daqui.
O Brasil é um problema insolúvel, assim como o resto da América Lat(r)ina. Pensa bem: se não conseguimos “chegar lá” até agora, enquanto países mais novos e com menos recursos como Canadá, Austrália e Nova Zelândia estão muito melhor do que nós, você realmente acha que isso aqui tem solução? Provavelmente não, tanto que você optou por ir embora.
O Brasil “me alimentou e me formou”? É questionável… mas mesmo que seja verdade, pode ter certeza que eu teria sido muito melhor alimentado e formado tivesse eu nascido em um lugar mais desenvolvido, como onde meus filhos nascerão. Dizer que não posso amar mais uma terra que me acolheu do que a que eu nasci é como dizer que uma mãe amaria mais um filho biológico do que um adotado.
Quanto a destestar cada brasileiro, isso não é verdade: não é porque coletivamente tivemos a capacidade de gerarmos e mantermos uma nação tão desafortunada e hoje estarmos afundados em problemas que vem sendo criados há mais de 500 anos que individualmente não somos pessoas boas. Meus amigos e minha família, por exemplo, são os únicos motivos que me fariam querer ficar por aqui.
O nacionalismo é só um conceito criado pelo poder para manter as pessoas cooperando não importa quão ruim esteja a situação. Eu só quero morar num lugar que eu ame e não ser obrigado a amar o lugar em que eu moro.
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1 de março de 2008 às 06:09 #26180ibere81Participante
@fflush”;p=”19815 wrote:
reclamar do brasil e sair fora e’ muito facil e conveniente.
O melhor então é elogiar o brasil mas sair fora do mesmo jeito? É tão fácil e conveniente quanto, mas soa mais simpático.
E sair fora do Brasil, como você que é imigrante bem sabe, não é nem um pouco fácil nem conveniente: você está em uma cultura estranha, falando uma língua que você não domina tão bem quanto a sua, longe da família e dos amigos, sem um histórico profissional, sem uma educação valorizada, sem uma rede de contatos pra te ajudar, sem pão de queijo (isso sim eu vou sentir MUITA saudades).
Eu até entenderia seu comentário sarcástico tivesse vindo ele de alguém morando aqui e com a intenção de não ir embora, mas é fácil elogiar o Brasil estando aí fora… se você acha que “o melhor do brasil é o brasileiro”, volta pra cá e viva cercado por 186 milhões deles…
Sim, eu não gosto dessa terra e tomei a decisão mais egoista: ir embora. Mas eu não vejo ninguém nesse fórum, gostando do Brasil ou não, com intenções diferentes.
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1 de março de 2008 às 06:42 #26185karlamatiasParticipante
Oi, gente… quero vir com calma comentar tudo porque vi colocações importantíssimas, mas este fim de semana está corrido já que estou recebendo alguns amigos aqui em João Pessoa. São futuros imigrantes do Québec que decidiram não partir do Brasil sem dar um pulinho do “extremo oriental das Américas”. Sábia decisão! hehehe ;)
Só queria responder à pergunta: por que vou imigrar? Vou responder enumerando porque é mania minha mesmo, mas não significa ordem de importância.
1. Motivos pessoais, bem pessoais mesmo que não vou expor aqui pois se referem à vida familiar.
2. Sou formada em TURISMO, uma área relacionada a viagens, línguas estrangeiras, culturas etc. Como já falava inglês e francês, já tinha experiência profissional em ambas as línguas, tenho formação em uma área não regulamentada, o que facilita minha inserção no mercado de trabalho em qualquer lugar do mundo etc., amigos que vivem no Québec me estimularam a dar entrada no processo e agarrar a oportunidade de trabalhar de maneira legal em outro país, pois achavam que teria grandes chances de ser aprovada. Eles estavam certos: pouco mais de 1 mês após eu ter enviado meu dossier a Buenos Aires, consegui a “acceptation sur dossier”, isto é, me enviaram um e-mail me liberando da entrevista e me mandaram o CSQ por correio. Até então, pensava em trabalhar um tempo na Inglaterra, em um museu de Londres onde uma amiga trabalha que estava precisando desesperadamente de profissionais, mas eu não estava disposta a ir ilegal. Como profissional de turismo, posso trabalhar no Québec, na China, na África e onde mais achar interessante! Tenho colegas de curso espalhados pelo mundo porque nossa profissão permite isso.
3. Moro em João Pessoa, uma cidade LINDA, que ainda não é das mais violentas, tem um custo de vida razoável, praias maravilhosas, ar limpo… Felizmente, ainda não foi degradada pelo turismo de massa, como outras cidades do Nordeste, mas do ponto de vista profissional, infelizmente boa parte dos empreendimentos turísticos é amadora e não contrata profissionais qualificados para não pagar bons salários. Esse é um problema específico da minha área, mas não significa que minha cidade NÃO PRESTA. Tenho amigos estrangeiros que deixaram tudo nos seus países pra ficar aqui porque acham a cidade um paraíso. Mas na minha área, devo admitir que não tenho encontrado boas perspectivas profissionais. Quem sabe no futuro?
4. Logo que comecei a pesquisar sobre empregos no Québec, encontrei uma oportunidade de trabalhar fora da minha área em Montréal, para realizar um projeto antigo. Vou tentar um trabalho em tempo pacial em uma organização para autistas que é exatamente o modelo de instituição que minha família sempre sonhou em criar aqui em João Pessoa, de apoio às famílias de crianças com autismo e outros distúrbios. Entrei em contato com eles e me pediram para procurá-los assim que chegar a Montréal para fazer uma entrevista, pois para a função que eles oferecem, eles privilegiam bastante pessoas que têm experiência prática na convivência com o problema. Convivo há 26 anos diariamente com um autista, então acredito que se interessaram por essa minha bagagem. Tenho a intenção de adquirir experiência na organização e trazer o modelo para meu estado posteriormente. Não sei se vou conseguir, mas fiquei bastante animada depois que vi que posso ter essa oportunidade, pois o que me motiva a fazer isso é uma questão pessoal e social.
Bem, os motivos mais fortes são esses. Mas acho importante lembrar: optei pelo visto de imigrante porque achei que era o mais seguro, porque achei que seria a oportunidade de ter uma porta aberta em definitivo. Entretanto, a imigração não é um caminho sem volta! Usando a mesma expressão que usei em outro tópico: não vendi minha alma ao diabo! Na hora em que não quiser ficar no Québec, volto pra cá, vou pra outro país, enfim, vou aonde quiser porque apesar do respeito que tenho pela província que está me acolhendo, a minha liberdade de ir e vir é muito mais valiosa que os dólares que eles possam ter gastado no programa de imigração.
Depois comento as questões que estamos discutindo. E me perdoem quaisquer erros gritantes no português, mas tô caindo de sono! :yawn:
Um ótimo fim de semana para todos! 8)
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1 de março de 2008 às 12:49 #26190fflushParticipante
E sair fora do Brasil, como você que é imigrante bem sabe, não é nem um pouco fácil nem conveniente: você está em uma cultura estranha, falando uma língua que você não domina tão bem quanto a sua, longe da família e dos amigos, sem um histórico profissional, sem uma educação valorizada, sem uma rede de contatos pra te ajudar, sem pão de queijo (isso sim eu vou sentir MUITA saudades).
Sair do Brasil como imigrante imigrante nao e facil mas ninguem o obrigou a imigrar entao isto nao e desculpa para muita coisa nao, quanto a destestar o Brasil eu nunca detestei e isto nao e’ o motivo que decidi imigrar. Espero que voce nao deteste o Canada tambem, quando voce tiver dificuldade para reconhecer diploma, ou quando deixar de conseguir um emprego porque um quebecois/canadense tem as mesma qualificacoes e o sobrenome dele e’ Le Blanc . Ai depois voce pode adicionar a sua assinatura um outro pais.
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1 de março de 2008 às 13:08 #26192fflushParticipante
O melhor do Brasil é o brasileiro. Nao e’ facil elogiar e’ simplesmente a verdade.
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1 de março de 2008 às 13:15 #26193svdesouzaParticipante
ibere81,
Eu respeito sua opinião, mas gostaria de colocar algumas questões.
Não sei quais foram os motivos de sua volta ao Brasil, e também não é da minha conta sabe-los, mas que sorte a sua em cara!!!!, pelo menos sua terra natal te recebeu; o Brasil foi e continua sendo seu porto seguro.
Não te conheço, mas vou tomar a liberdade falar algumas coisas:
vc me parece uma pessoa normal como muitas outras, na hora que a coisa aperta, vc procura seus amigos, seus familiares,
serviços públicos ( do Brasil ), etc.Existem pessoas que falam que não acreditam em Deus, mas na hora do aperto, a primeira coisa que gritam é ( ai meu deus !!!!!) ou que se orgulham em dizer que são independentes de laços familiares, mas na hora do aperto, gritam mãeeeeeeeeee!!!).
Desculpe minha sinceridade.
Sérgio
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1 de março de 2008 às 14:39 #26195luciojuniorParticipante
So pra complementar: estou no Québec sim. nao sei quanto tempo ficarei por aqui ou, ainda, se irei a outro pais desse mundo, mas uma coisa eu sei: um dia eu volto. e pode ter certeza que lutarei com unhas e dentes pra fazer do Brasil um pais bem parecido com estes que eu estou tendo a oportunidade de viver.
abs,
Lucio
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1 de março de 2008 às 21:56 #26204ibere81Participante
Thiago, deixa de ser chato, a conversa foi pra outro rumo, qual o problema? Se a minha “revolta alheia” não interessa a mais ninguém é só não responder mais que a conversa acaba. E sim, é uma merda amar o que é dos outros, mas estou me esforçando para que seja meu também.
Luciano, quem disse que é fácil (e conveniente) imigrar foi você, não eu. Só estava te respondendo que não é, e parece que você concorda. Agora, longe de mim reclamar que imigrar é difícil… isso eu não faço mesmo! Ao contrário de muitos imigrantes que passam a destestar o novo país adotado exatamente pelos motivos que você listou (e acabam escrevendo aquele monte de bobagem no not canada), tenho plena consciência do que me espera, medi os prós e os contras versus os problema que enfrento no Brasil e decidi mudar. E o melhor do Brasil não é o brasileiro… o melhor do Brasil é essa terra maravilhosa que a gente tem mas desperdiça: os recursos naturais (água, terra fértil, flora e fauna), a posição geográfica privilegiada (o velho clichê de que aqui não temos vulcôes nem terremostos), uma extensão territorial enorme… e o que a gente faz com isso? Relega o Brasil à posição número 70 no índice de desenvolvimento humano e um dos dez países mais violentos do mundo (somos o nono, o décimo é a Russia). Se o melhor do Brasil é o brasileiro, não quero nem imaginar o que é o pior.
Sérgio, voltei para o Brasil porque fui obrigado: a empresa em que trabalho me transferiu de volta para o escritório do Brasil, fiz de tudo para ficar por lá mas não teve como… é a vida. Quando cheguei de volta ao Brasil, fui muito bem recebido por meus amigos e minha família, mas o país foi cruel comigo como sempre: já fui assaltado por ladrões e pelo governo inúmeras vezes, sou obrigado a morar nesta cidade horrível que é São Paulo porque não encontraria um emprego ingual em outro lugar menos insano (11 milhões de pessoas… é simplesmente ridículo viver em um lugar com tanta gente), os serviços públicos são uma piada… o Brasil tem a obrigação de me acolher de volta, não é nenhum favor que o país faz com seus cidadãos que pagam impostos e ajudam esse país a não ir para o buraco de uma vez. Assim como quando qualquer um aqui pegar a cidadania candense, será obrigação do Canadá acolher-nos. Tanto que é daí que surgiu o termo “canadense por conveniencia”: gente que vai para o Canadá, pega a cidadania e volta pra sua “terra maravilhosa”… até que problemas acontecem e o “porto seguro” inverte e passa a ser o Canadá. É o que aconteceu com muitos dos 50 mil cidadãos canadenses que viviam no Libano e foram evacuados quando os bombardeios começaram no ano passado. Assim que as coisas melhoraram, eles voltaram para o Libano. E se tiverem problemas lá de novo, pode ter certeza que vão correr para o Canada novamente.
Não tive “sorte” de ter sido recebido de volta no Brasil. Se eu tivesse nascido em qualquer outro lugar, o país também teria tido a obrigação de me receber de volta.
Eu etendo que este é um assunto muito emocional: é difícil separar as razões lógicas e racionais para não se gostar de um país de toda a carga emocional e cultural que recebemos desde de criança (incluindo aí a lavagem cerebral da Globo, que sempre tenta passar a imagem de que o Brasil é alguma coisa importante no cenário mundial). Mas se você fizer uma lista de tudo o que existe de ruim no Brasil e comparar com a de qualquer país de primeiro mundo, vai ver que perdemos feio.
Ah! E eu sou ateu e nunca recorri ao papai do céu não… mas isso sim é uma outra história que não tem absolutamente nada a ver com este fórum…
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1 de março de 2008 às 22:03 #26205ibere81Participante
Eita… dessa vez eu postei três vezes… desculpas mais uma vez.
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2 de março de 2008 às 15:05 #26214thiago7000Participante
Pessoal, vamos retomar a discussão; este tópico é sobre o Québec soberano, e não sobre as revoltas alheias.
Cada um com suas frustrações. Deve ser uma merda amar o que é dos outros.
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2 de março de 2008 às 22:14 #26219marciobarrosParticipante
Pessoal,
Vocês sabem que uma das grandes vantagens do Québec é o social, e para quem tem filhos, a possibilidade de fazer um CEGEP sem custos, obtendo no mínimo uma qualificação técnica para os filhos (na pior das hipóteses). Também há a oportunidade do estudo do francês , além do inglês. Pensando a longo prazo, para as crianças, é um caminho excelente!
Contudo, o que me deixa pensativo, é que o Québec JÁ é separado do Canadá em muito aspectos e devemos estar conscientes quais são as consequências para a nossa vida e família investir tempo e dinheiro nesta cultura. Acredito que não é tão simples apenas arrumar as malas mais uma vez e partir para uma outra província. Se você é solteiro, tudo bem!! Mas para quem já tem filhos, que irão construir uma base de relacionamento e irão absorver a cultura Quebecóis é um “pouco” mais complicado.
Na verdade, a idéia presente que o Québec pode vir a separar do Canadá, para mim, é meio assustadora. Pois a consciência do que é realmente o Québec (sem ser pejorativo) só veio alguns meses após a obtenção do CSQ. Se existe um espinho no processo de imigração pelo Québec, é a questão separatista. Porque pensamos em imigrar para o Canadá e morar no Québec, entendem a diferença? A idéia, o sentimento, é fazer parte da nação canadense.
Se o Québec fosse hoje independente do Canadá e promovesse a imigração, certamente teria muitas dúvidas se entraria com o processo de imigração para o Québec.
Abraços
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2 de março de 2008 às 22:42 #26222Carlos_SantosParticipante
Ibere1,
@ibere81″;p=”19845 wrote:
…Thiago, deixa de ser chato, a conversa foi pra outro rumo, qual o problema? …
o problema é que tratando assunto diversos num mesmo tópico criamos dificuldades de achar as informações discutidas pois ficaram misturadas!
Para evitar isso devemos abrir um novo tópico, isso ajuda e muito na organizaçao do fórum! conto com sua compreensão!
@ibere81″;p=”19845 wrote:
… mas isso sim é uma outra história que não tem absolutamente nada a ver com este fórum…
obrigado!
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2 de março de 2008 às 23:15 #26224thiago7000Participante
@marciobarros”;p=”19865 wrote:
Porque pensamos em imigrar para o Canadá e morar no Québec, entendem a diferença? A idéia, o sentimento, é fazer parte da nação canadense.
Amigo, fale por você. Eu pelo menos, sempre me referi ao Québec como uma nação e sempre falei em “migrar para o Québec”, e não para o Canadá. Grande parte dos que migram para o Canadá se dirigem à porção anglófona do país, em grande parte, pela facilidade da língua e da (falsa) semelhança com o vizinho do norte. Sabendo disso, o Québec trata seus novos habitantes de forma bem receptiva e inclusiva, e é por esta razão que o processo de imigração para o Québec se dá de forma menos complicada do que para o restante do Canadá. No Québec, o imigrante tem inúmeras vantagens que não teria se vivesse em outra província.
Portanto, cuidado com as generalizações. Eu por exemplo, não tenho medo e nem acharia terrível se decidissem pela separação do Québec, continuaria sendo um bom lugar para se viver. -
3 de março de 2008 às 00:52 #26225maurorepacciParticipante
@thiago7000″;p=”19870 wrote:
que o processo de imigração para o Québec se dá de forma menos complicada do que para o restante do Canadá. No Québec, o imigrante tem inúmeras vantagens que não teria se vivesse em outra província.
Thiago…acho que voce precisa se informar melhor antes de fazer afirmações como a feita acima!
Recomendo a leitura sobre os programas de imigração das outras províncias do Canadá. Tem algumas que até te oferecem 5 mil dólares de bônus por ter feito a imigração para lá. Tem outras aonde o mercado de trabalho esta tão bom que eles simplificaram os critérios de seleção e as pessoas fazem o processo de imigração através da empresa que vai contratá-la.
http://www.gov.mb.ca/labour/immigrate/
http://www.gnb.ca/immigration/index-e.asp
http://www.immigration.gov.sk.ca/
http://www.alberta-canada.com/immigration/Claro que no Quebéc existe algumas vantagens que me levaram a escolher a PROVÍNCIA do Quebéc. Mas você esta imigrando para o Canadá não para o Quebéc e o Canadá deixou o Quebec selecionar os próprios imigrantes assim como outras províncias o fazem.
@thiago7000″;p=”19859 wrote:
Cada um com suas frustrações. Deve ser uma merda amar o que é dos outros.
Eu acho também que voce deveria respeitar mais a opinião dos outros e manter o nível da discussão. Porque esse fórum é para informar e ajudar as pessoas que estão imigrando, não acha?
É isso,
Mauro Repacci -
3 de março de 2008 às 02:28 #26228luciojuniorParticipante
Mauro,
muito boa a dica sobre os sites do processo de imigraçao das outras provincias.
que tal voce abrir um outro topico mais detalhado sobre isto?
Abs,
Lucio
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3 de março de 2008 às 03:11 #26230thiago7000Participante
@maurorepacci”;p=”19871 wrote:
Thiago…acho que voce precisa se informar melhor antes de fazer afirmações como a feita acima!
Quando alguém tão bem informado quanto você publicar um estudo comparativo dos processos de imigração das províncias canadenses, prometo que vou ler; se eu estiver realmente enganado, volto aqui e me desculpo pelo engano.
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3 de março de 2008 às 05:03 #26231karlamatiasParticipante
1. Paz e amor, gente! Defendamos nossas opiniões, mas sem ataques pessoais! Eu admito que eu uso termos muito fortes para explicar meus argumentos, mas procuro não direcionar a crítica para ninguém pessoalmente pois não conheço ninguém pra julgar. Quando algo me irrita, gosto de lembrar de uma frase de Gandhi “odeie o pecado, não o pecador”. Sei que é difícil, realmente alguns comportamentos me irritam, mas eu prefiro criticar o comportamento não as pessoas que o têm.
2. Lúcio, obrigada pelo comentário. Mas fiquei curíosíssima para saber por que você acha que estou preparada para viver em qualquer lugar. Não estou perguntando isso por vaidade, não estou pedindo elogios! Fiquei apenas tentando descobrir o que você observou no meu discurso que você considera importante em um imigrante para conseguir se adaptar, segundo sua experiência no Québec. Acho que é a isso que você se refere, não? Depois você disse que “quem é insatisfeito no Brasil, costuma ser insatisfeito no Québec”, por isso que sei que seu comentário a meu respeito se refere às qualidades do IMIGRANTE e não às minhas pessoalmente. Se isso for fugir demais do tópico, para respeitar a organização do fórum, talvez seja melhor comentar em algum outro sobre integração ou algo do tipo. Mas se você, como imigrante, observou que certos comportamentos dos brasileiros são mais positivos ou negativos, vale a pena deixar sua percepção para outras pessoas refletirem a respeito.
3. Mauro, você é bastante bem informado e vou sim ler a respeito do que você colocou sobre a luta separatista. Mais uma vez, afirmo que não estou gabaritada a ser a favor ou contra a separação porque sou ignorante sobre o assunto e porque, como muitos disseram, não temos nenhum envolvimento emocional com essa luta histórica. Como imigrante, terei o dever de me informar, mas vai levar muito tempo até eu poder me sentir parte do processo.
4. Carlos, peço desculpas pelo transtorno. Entendo o esforço dos moderadores para manterem a ordem, mas realmente é muito difícil não escapar do assunto no decorrer de um debate complexo e aberto. Pra conseguir que se mantenha exclusivamente o tema do tópico, infelizmente, a única maneira é acabar o fórum e todo mundo passar a elaborar questões de múltipla-escolha sem direito a comentários! Mas enfim, para colaborar com a organização e talvez puxar o assunto de volta para o foco, minha resposta à pergunta inicial é a seguinte:
Assim como o Pessoa, sairia do Québec SIM se a vida se tornasse insuportável independentemente de separação! A única diferença entre minha resposta e a dele, é que felizmente, no lugar onde vivo, a vida não é insuportável. João Pessoa tem inúmeros problemas, mas não apenas é suportável como agradável pra muitos moradores, em muitos aspectos. Infelizmente, sei que essa não é a realidade de muitas outras cidades brasileiras.
Na verdade, digo aqui o que falei para minha família e amigos: se nos 3 primeiros meses eu não conseguir no mínimo um “job” dentro ou fora da minha área que ao menos pague as contas mais básicas (não me refiro a produtos da Lancôme e roupas de marca, mas ao trio moradia+alimentação+transporte sem luxo, mas com dignidade), já estou decidida a não ficar lá, simplesmente porque não acho justo sair do meu país e do convívio da minha família para “sobrar mês no fim do salário” como diz a piada, pois essa situação eu já tenho aqui, sem solidão e sem frio de -45°!
O bureau aprovou meu dossier sem a entrevista, reconheceu minhas qualificações, incluindo minha experiência profissional, me considerou fluente nas duas línguas oficiais do país, aceitou meu contrato de manutenção para 3 meses com o valor mínimo exato de 2593 dólares, muito provavelmente seria recusada na francisação se tentasse (não pretendo tentar, mas fazer aqui no Brasil online para não acabar tirando a vaga de quem realmente precisa), enfim, assumiu que meu “profil est excellent” apesar de eu ser “lisa”! (o perfil de quem se encaixa nessa categoria, segundo eles do bureau, está escrito aqui, não estou delirando não: http://www.immigration-quebec.gouv.qc.ca/fr/immigrer-installer/travailleurs-temporaires/resident-permanent/processus-selection.html).
Meu CSQ é lindo! Por isso sou muito radical neste ponto, estou me baseando no que está ESCRITO: se me deram a “acceptation sur dossier”, então imagino que esteja no nível de cair no mercado de trabalho de cara, sem grandes dificuldades. Se acontecer o contrário, pra mim vai ficar provado que a conversa das palestras é falácia, é realmente “o canto da sereia”. Vou fazer minha parte, se o Québec não fizer a sua, saio de lá sem olhar pra trás!
Boa semana, pessoal! :)
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3 de março de 2008 às 13:20 #26237lfantoniosiParticipante
Hehehe, gente vamos discutir mas sem flamewars.
Eu tava quietinho aqui, mas vou abrir o bico agora:
Mauro, nao concordo quando vc diz: é a patria deles. Sabe porque? Primeiro que no livro que vc recebe junto com os vistos, lá vem escrito: Canada, a sua nova pátria. Segundo, eu nao estarei la a favor, vou trabalhar, pagar impostos, contribuir com o crescimento do país. E quando eu obtiver a minha cidadania irei dar sim a minha opniao, exercendo o meu direito democratico da sociedade na qual eu estarei inserido.
Concordo que é cedo para eu tirar conclusões, mas de inicio eu vejo como não. Pois eu estou indo para o Quebec, mas um Quebec que pertence ao Canada. E se o Quebec nao atender minhas expectativas, ou deixar de atende-las no futuro por decisões politicas malfadadas, irei sim debandar, como estou fazendo com o Brasil hoje. Se fosse para ficar num lugar pos questoes emotivas, eu nao sairia do Brasil.
Eu acredito que este assunto é igual aos “sacres” do Quebec. O cara aqui faz um mes de frances e já comeca a falar em “tabarnak”, “hostie de calisse”, “crisse”, etc, sem saber realmente o que quer dizer, como usar, ou seja, soa ridiculo.
Btw: Karla, vc vai ser redatora, colunista, etc ? Caramba como vc escreve! :-) (isso não é uma crítica)
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3 de março de 2008 às 15:15 #26240karlamatiasParticipante
lfantoniosi, se escrevo muito, imagina o quanto eu falo!!! hahahahahaha :P Brincadeirinha, gosto mais de escrever mesmo! :)
Aproveitando o post, vou colar aqui o pedaço de um e-mail que recebi há alguns dias. Não é exatamente sobre a luta separatista, mas está relacionado pois é sobre a língua francesa no Québec. A conversa começou quando perguntei a essa conhecida se ela preferia se corresponder em francês ou em inglês, e ela respondeu de forma bastante firme que a língua do Québec é o francês e esperava que eu, tendo escolhido viver no Québec, estivesse disposta a falar francês. Minha resposta vai abaixo e depois o comentário dela:
Meu e-mail:
“Bonjour, XXXXXX! Pas de problèmes pour parler français, au contraire, j’adore la langue française et je me sens complètement à l’aise pour l’utiliser! Je t’ai démandé laquelle tu préfères car il semble que les gens parlent beaucoup l’anglais à Montréal. J’ai un ami qui est allé faire un cours de français à Montréal l’année dernière et il est deçu car tout le temps les gens parlaient l’anglais dans la rue donc il a pas eu beaucoup d’oportunités pour practiquer son français. Pt quand j’arrive j’aurrai un peu de difficulté pour comprendre l’accent mais c’est juste une question de temps… Moi, j’ai pas de la parenté au Québec, j’ai des amis mais la majorité brésilienne, et moi je voudrais pas vivre comme les immigrants qui ne rencontrent que des gens de même nationalité. Je trouve pas ça très sympa! Donc je fais des amis québecois aussi!”E-mail da québecoise:
“C’est une excellente initiative, que de te fondre dans la culture d’adoption et je ferais la même chose, si j’étais à ta place. Tu viens de soulever un problème qui prend de l’ampleur, ici, au Québec: à Montréal, le français perd du terrain. Et c’est pas juste un groupe de gens qui est en cause: il y a des anglophones qui s’en fichent éperdument du français et s’attendent à ce qu’on leur parle en anglais; il y a aussi des immigrants (c’est triste à dire mais c’est vrai) qui eux aussi s’en fichent éperdument et ne veulent rien savoir de parler français au Québec parce qu’ils se considèrent Canadiens avant tout et, le fléau: des Québécois, même parmi les plus ardents séparatistes, qui cèdent et parlent en anglais, même aux immigrants qui voudraient parler français et s’intégrer. Nous sommes voués à disparaître si nous ne faisont rien. Mais assez de politique, ici! Nous resterons en contact, chère Karla, et tu verras, l’accent toi même tu l’auras. Et, si tu as de la misère avec une expression ou un accent en particulier, il ne faut pas hésiter à demander. Avec un peu de tact, on obtient tout. Tu pourrais tomber sur quelques Québécois suceptibles, mais tu n’as qu’à leur dire que tu es BRÉSILIENNE et non FRANÇAISE et ils s’adouciront. Je n’ai, en passant, aucune intolérance contre les Français, mais certains sont perçus comme assez condescendants. Je ne sais pas si tu as déjà eu une situation pareille avec un Portugais. Certains Européens vis à vis leur colonie semblent avoir un genre de complexe de supériorité.”Bem, achei útil a dica que ela deu de não ter uma postura de “superioridade européia” pois não pega bem. O importante, na visão dela, é ter a boa vontade de se integrar e respeitar a cultura local, o que não significa negar a cultura de origem. Não perguntei, mas acho que ela faz parte de um grupo separatista. É uma boa se informar sobre o assunto também diretamente com os habitantes, não apenas através da mídia.
Até mais!
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3 de março de 2008 às 16:24 #26241maurorepacciParticipante
lfantoniosi:
Eu nunca disse que o Canadá nunca vai ser nossa pátria. Muito pelo contrário, eu acho que o Canadá é um país formado por imigrantes e se voce pensar o que é um canadense, voce nao pode dizer que é um cara que veio da inglaterra ou da frança porque aqui 20% da populacao nao nasceu no Canadá e outros 30% sao filhos de imigrantes. Acho que o Canadá será sim nossa pátria e señao for a nossa será a pátria dos nossos filhos. Então, com certeza, não estaremos amando o que é dos outros e sim amando o que estamos ajudando a construir. Depois dessa discussão no fórum eu conversei com alguns canadenses que são filhos de imigrantes, novos imigrantes ou estão aqui faz muito tempo e todos se consideraram canadenses e amam esse país (não sei se mais ou menos que o país onde eles moravam antes mas agora eles estão cientes que eles fazem parte do Canadá). Mesmo porquen vários países depois de adquirir a cidadania canadense voce perde a cidadania do pais aonde voce nasceu. Isso acontece com a India, Filipinas e Ucrania, por examplo, entao juridicamentes essas pessoas sao canadenses e só.Karla Matias:
Em primeiro lugar parabéns pelo excelente francês, tenho certeza que voce não vai ter grandes problemas para se adaptar aqui. Em segundo lugar gostaria de dizer que eu sou 100% a favor da defesa da língua francesa no Quebec e no resto do Canadá. Para mim, todos no Canadá deveria falar as duas línguas e o Quebec tem o direito de defender o frances como língua oficial. Sou a favor da lei 101 e acho ridículo os anglofones que vivem no Quebec por anos e nao se esforçam para aprender o frances. Minha namorada mesmo, ela é de manitoba e mudou para o Quebec em dezembro, ela só sabe frances básico e eu sempre falo que ela tem que aprender frances e como isso é importante aqui.Agora, cabe a nós entender porque o frances esta perdendo espaço no Quebec e no mundo. Será que os países da Europa que agora fazem parte da Uniao Européia não estao preocupados com isso? Sera que se o Quebec fosse um país o frances nao seria ameaçado também? No Quebec existem milhares de empresas multinacionais, 80% do comércioé feito com os Estados Unidos, , duas grandes universidades em ingles, etc. Eu acho que o frances perdendo terreno é consequencia do domínio do ingles no cenário mundial e nao do Quebec ser uma província do Canadá.
Mas eu também acho que o Governo do Quebec erra em alguns aspectos. Por exemplo, os estudantes da McGill e da Concordia não tem acesso aos cursos de frances subsidiados como nós tempos e por incrível que parece os canadenses que vem de outras províncias também não tem acesso a esses cursos. Eles tem que pagar para aprender frances.
Fica aí mais uma mensagem para discussão.
Abraços
Mauro Repacci -
4 de março de 2008 às 19:19 #26306ibere81Participante
Gente, só estava participando do flame wars antes, mas resolvi entrar na discussão do separatismo agora.
A questão de separar ou não, além de todos os pontos já levantados aqui (língua, diferenças políticas, etc), envolve a discussão de um tema muito importante em várias áreas do planeta atualmente: o nacionalismo étnico e a autodeterminação.
Por que o Québec, ao contrário de outras províncias canadenses, tem maior sentimento separatista? Basicamente porque a grande maioria da população é etinicamente diferente do resto do Canadá (maioria de descendetes de franceses). Com isso, muitos defendem que o Québec deveria ser um país soberano porque 1) tem sua própria etnia e 2) essa etnia tem o direito de escolher se vai se separar ou não.
É o mesmo problema que a Sérvia tem enfrentado com o Kosovo (maioria de albaneses), a China enfrenta no Tibete (maioria de tibetanos), a Espanha e a França enfrentam no País Basco (maioria basca), a divisão do Chipre (greco-cipriotas de um lado e cipriotas turcos do outro), a situação de Gibraltar e as Ilhas Malvinas/Falkland Islands (população inglesa vivendo em um território que seria, teoricamente, de outro país), a briga entre Israel e a Palestina, etc etc.
Felizmente o Canadá é um país pacífico e o conflito é bem menos violento que na maiora desses outros lugares (com exceção dos malucões da FLQ e atualmente do MLNQ), mas a divergência continua sendo a mesma, que é a diferente respota que as pessoas dão para a pergunta: deveriam as nações serem definidas pelo povo ou pelo Estado?
Me parece que (pelo menos por enquanto) o Canadá achou uma solução “elegante” para o problema:
Em 2006 o parlamento canadense reconheceu a “nação québécois dentro de um Canadá unido” e antes mesmo disso a região de Ville de Québec já era chamada de Capitale Nationale, a assembléia da provincia é chamada de Assemblé Nationale, os parques da província são “parc nationales”, etc. Isso significa que o Canadá reconhece que o Québec e os québécois são diferentes, pelo menos do ponto de vista cultural, o que justificaria as ações afirmativas québécoisa como a Loi 101 e outras ações para proteger a língua e a cultura québécoise, sem precisar separa o território do Québec do resto do Canadá. É quase que um meio termo entre a separação total e a proposta de Estado Livre Associado que muitos soberanistas já defendiam (onde o Quebec tomaria suas próprias decisões mas continuaria tendo laços fortes com o Canadá, mais ou menos como Porto Rico e os Estados Unidos… um pouco mais independente talvez). Se na cabeça dos separatistas isso vai ser o suficiente ou não, só o tempo dirá.Isso pode vir a ser um problema para os imigrantes… ao declarar os québécois como uma nação cultural diferente e não o Québec, em caso de separatismo étnico, aqueles que não se adequarem à “nação québécois” (allófonos e anglófonos) poderiam correr o risco de ser discriminados e considerados cidadãos de segunda categoria. Não acho que isso vá acontecer, mas é uma possibilidade. Pode não haver discriminação por parte do estado, mas quem garante que não haverá por parte dos indivíduos?
Lembrem-se que o nacionalismo étnico já causou alguns grandes desastres, como na Alemanha nazista que só admitia “arianos” ou a matança de bósnios por parte dos sérvios na década de 90. Acho que algo assim nunca aconteceria no Québec, mas não quer dizer que a separação étnica não possa trazer consequencias ruins para as minorias da provincia.
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