Re: Re: Relatos de entrevistas – Final de 2008

#33004
Chaton
Participante

Olá pessoal,

Fiz minha entrevista hoje, ao 12:00, no escritório da Berrini. Havia vários entrevistadores e eu era o último do período da manhã. Eu estava tão nervoso que cometi duas gafes logo no começo:

a) ao entrar no escritório da representação do Québec, bati sem querer a porta;

b) a secretária me informou que havia um atraso. No nervosismo pensei que ela estivesse dizendo que eu estava atrasado, e exclamei: “mas a minha entrevista é meio-dia!”, e ela repetiu que a entrevistadora havia se atrasado. Morri de vergonha e pedi desculpas e expliquei o meu entendimento, e fui me sentar na sala de espera, com uma série de panfletos sobre o Québec e uma TV aonde era exibido um espetáculo do Cirque du Soleil. Havia alguns casais por lá igualmente nervosos. Aquela situação me incomodou, por eu ser o único solteiro, mas os outros acabaram me falando que houve uma moça solteira mais cedo. Isso me acalmou. Em suma, os demais foram sendo chamados para a entrevista, das quais todos saíam sorridentes e aliviados com seus CSQ em mãos. Ao final fiquei sozinho e com apenas 15 min de atraso (normalíssimo, tanto que eu havia tomado um café da manhã reforçado) Mme. Soraia Tandel me chama. Confesso que fiquei aliviado por ser ela, pois assisti ao podcast dela na internet (e quem viu sabe: é bastante encorajador).
Na sala da entrevista ela solicitou os originais de meu diploma (bacharel em c. sociais com habilitações em sociologia e antropologia) e as certidões de meu emprego atual (funcionário público frustrado). Ela se interessou bastante sobre a bolsa do Programa de Educação Tutorial- PET que recebi ao longo de minha graduação, acredito que isso tenha contado pontos a meu favor. O DALF também me ajudou. Ela ficou muito surpresa com a minha opção pelo Nord-du-Québec (“C’est trop froid!”) e disse que estava pensando ainda na Côte-Nord e na Gaspésie, explicando que são lugares de pioneirismo e de inovação (pensei em dizer que eram a Amazônia do Québec, mas fiquei com medo de pegar mal apesar de ser justamente isso que me atrai). Ela perguntou um pouco sobre meu trabalho atual, do qual falei mal. Ela me cortou rápido e tive a impressão de que ela fez uma careta discreta neste momento, talvez porque não seja adequado falar mal do trabalho atual e neste momento pensei “pisei na bola”. Mas logo ela me perguntou em que área eu desejava trabalhar, e disse que me interesso muito pela articulação inter-municipal, já havia visto chamadas para trabalho nesta área mas nenhuma no momento, e por isso gostaria, neste meio tempo, de trabalhar como “intervenant social”, que não é restrito aos titulados em serviço social, é atividade na qual tenho experiência e realmente é algo que gosto de fazer (especialmente em um local aonde há uma rede de proteção social de fato, como no Québec – mas isso eu não disse). Em seguida uma pergunta inusitada: “Et ta maman?” (tenho 25 anos). Expliquei que minha irmã continuaria no Brasil, estando prestes a se casar. Fiquei pensando se essa pergunta na verdade não está associada a uma cautela (muito justificada aliás, se formos olhar com mais frieza o processo) de evitar que os imigrantes não levem seus pais que, idosos, tenderiam a onerar o sistema de saúde do país. Ao final: CSQ!!! Sem perguntas em inglês (apesar de ela ter perguntado sobre meu nível de inglês – que é intermediário – e ter recomendado que eu me aplique para melhorá-lo uma vez no Québec). Fiquei zonzo de felicidade: depois de 3 anos de decepções profissionais finalmente vou ter uma chance de trabalhar em um país que premia a iniciativa ao invés de puni-la, mais precisamente em uma região cheia de desafios e possibilidades muito muito longe dessa ditadura do status quo que é o Brasil!!! A única coisa chata é que o processo federal é longo… Mas gostaria muito de já ir em maio, para aproveitar bem o verão.

Este foi o meu relato (mais um desabafo). Escrevi de uma vez só, perdoem-me eventuais falhas redacionais.