Re: Re: Ol

#22948
danisergio
Participante

Olá vizinhos,

Após ler as respostas de vocês, estou sorrindo e com vontade de chorar.   :lol:   Obrigada pela acolhida, isso faz toda a diferença!

Carlos, muito filosóficas suas considerações. Preparar-se para a imigração não é apenas juntar documentos, alugar apartamento, colocar os filhos na escola. Temos sim que pensar bastante a respeito, nos fazermos mil vezes as perguntas da entrevista “por que emigrar” e “por que o Québec”. Devemos a nós mesmos, e aos nossos filhos, uma resposta honesta.

Morri de rir de você ter consultado o dicionário, sendo eu mesma uma viciada neles. Essa expressão foi a primeira em latin que eu aprendi, ainda na escola, antes de estudar Direito e aprender mais um montão delas   :wink:   Acho uma pena não estudarmos mais o latin, a etmologia das palavras explica muitas coisas. Pensando assim, fui também me aprofundar no significado da palavra patriota, sobre a qual você pondera. Achei no Caldas Aulete na definição de pátria “País que se considera como o melhor: Onde me vai bem é a minha pátria (prov.)” “País, cidade em que se conta com um grande número de pessoas ou uma grande quantidade de coisas de um gênero determinado: Atenas foi a pátria dos filósofos”. E ainda, em patriota, olha só: ” (Bras.) (gír.) Diligente, esforçado; respeitador, delicado”. Pois bem: somos sim todos patriotas, já que temos as qualidades acima. A questão agora é qual é a nossa pátria. Pela definição, é onde nos vai bem. Ou seja, somos patriotas canadenses, hehe  

Entendo muito bem esse seu sentimento com relação ao estado das coisas no Brasil. Eu achava, até pouco tempo, que era meu dever moral dividir o que tinha aprendido, já que nós, que tivemos a chance de estudar e conhecer outros países,  fazemos parte do topo da pirâmide. Com o tempo, entendi o ditado “pode-se levar um cavalo até a água, mas não se pode forçá-lo a beber”. O caso é que as pessoas não querem aprender. Elas não jogam lixo na rua porque não tem lixeira perto, mas porque escolheram não se importar. A cultura do esperto foi adotada pela maioria da população. Nosso povo é corrupto na essência, e aceita representantes assim. Então essa não é realmente minha pátria, porque isso não me vai bem. Eu entendi, depois de dar muito murro em ponta de faca, que a errada era eu. Cada sociedade tem o direito de ditar as regras pelas quais quer viver. Isso é bem democrático, e eu respeito a decisão da maioria, mesmo não concordando com ela. Depois que aceitei esse fato, convivo muito melhor com quem toma minha vaga no shopping, fura fila, faz gato de TV a cabo. As regras do país são essas, eu que me adapte ou me mude. Por isso o Canadá me atraiu. Não há corrupçã, crime? Há sim, claro. Mas não é essa a regra da sociedade lá, isso é o errado, o que deve ser combatido e é punido. É sob essas regras que eu quero que os meus filhos cresçam.

Como advogada tributarista, eu tenho uma visão diferente dos impostos, mas entendo o que você quer dizer. Ainda que o imposto não seja stricto sensu (lá vai mais uma, hihi) destinado a essa aplicação direta, com certeza o destino dele não deve ser as cuecas, bolsos e contas no estrangeiro de quem quer que seja!

Marcão, realmente matamos um leão por dia! O problema, acho, é que não sobra nem cheiro do bicho pra quando o inverno chegar 8O   Isso sem nem considerar a questão da violência, que eu sinto que está fechando o cerco, sem que a gente se dê conta. Sabe aquela história do sapo, que vai cozinhando devagar dentro da panela? Você já tentou se imaginar aos dezesseis anos, vendo as notícias que passam hoje na TV? Ou os nossos pais, na idade que temos hoje, batendo um papo via “telefone do tempo” com a gente hoje? Penso muito nisso porque os meus pais são falecidos. Se eu pudesse falar com eles, teria boas notícias a dar do país? Sérgio e eu sentimos o mesmo que você e sua esposa, precisamos fazer alguma coisa agora, antes que viremos estatística.

Pedro chegará ao Canadá aos 8 anos, e Tiago aos 5 também. Na verdade esse projeto não é nosso, é deles. Não deixem de dar notícia depois que estiverem lá, principalmente com relação à adaptação da sua filhinha. Ela aceitou bem a idéia? Sei que os meus não vão gostar (ainda não contamos), já que a vida deles aqui é boa. O problema é que não sabemos ainda por quanto tempo conseguiremos manter a vida que temos hoje. Mais ou menos já lançamos alguns comentários, mostramos coisas do Canadá para interessá-los. Com o tempo eles vão entender.

Daniel, também amamos o Brasil onde crescemos. Nem tanto assim o Brasil onde vivemos. Vocês já ajudaram muito, só de poder ter essas longas conversas me alivia o espírito, dá ânimo para as etapas que ainda faltam, além da inestimável fonte de informações. Além do que, e já que você citou o Marcílio, como diz ele estamos também ampliando nossa network, no sentido de nos apoiarmos mutuamente nas tristezas e nas alegrias que teremos no Canadá. Hoje uma amiga minha me disse que precisamos atualizar nossa definição de família. Família não é só mãe-avó-e-frango-no-domingo. Seremos sim a família uns dos outros e fico muito feliz em encontrar nesse círculo pessoas como você. Obrigada pelos elogios. Em inglês diz-se que “beauty lies in the eyes of the beholder”.

Fabio e Juli, já li o blog de vocês inteirinho, obrigada pelas boas-vindas. Depois de ler e copiar o relato da entrevista de vocês, há algum tempo, fiquei com a pulga atrás da orelha e aproveito a oportunidade para saná-la: tem que levar os DARFS? Eu nem sei onde estão os meus! Serve atestado de nada consta? Achei super legal seus cunhados também comprarem a idéia, gostaria muito que a minha irmã também se interessasse, mas sendo dentistas ela e o marido, eles não animaram a começar tudo de novo… Vai ser legal para os seus filhos terem os tios por perto!

A todos nosso grande abraço e vamos em frente, com destino aos nossos sonhos!

Dani, Sérgio, Pedro e Tiago