Re: Re: Eleições em QC

Home Fórum Vivendo no Canadá Cotidiano Eleições em QC Re: Re: Eleições em QC

#56788
gugamarinho
Participante

Olá pessoal.

Quanto medo do Québec separar! Vivemos num mundo de medrosos? Nos anos 70 e 80, os jovens tinham muito mais coragem. Mesmo os «québecois» de Montréal, que sonharam com um país. Mas podem ficar tranquilos, que o apoio à soberania do Québec gira em torno de 40 por cento e o Québec nào será país tào cedo, talvez nunca, e daqui a 50 ou 60 anos, a língua oficial da província será o inglês. O francês desapareceu das outras províncias também, de boa parte dos EUA e agora só resta mesmo o Québec para que o «trabalho» seja feito. Tudo em nome da paz econômica e dos valores universais do mercado, que sào superiores a todos os outros, «bien sûr».

Alguém disse aí que o Canadá inglês é uma naçào civilizada. Que piada é essa? Só para constar, a taxa de homicídios do «Canadá inglês» é bem superior à do Québec. Isso sem contar os outros tipos de crimes, também em maior número nas outras províncias. Só Ontário tem uma taxa menor que o Québec e a «super civilizada» Alberta nào é nenhum exemplo de civilizaçào, pois explora o território de forma vergonhosa (poluiçào astronômica). Isso sem contar Edmonton e Calgary, cidades bem mais violentas e «ignorantes» que Montréal e Québec.

Só para constar também, o Canadá inglês «civilizado» é o mesmo que elegeu Stephen Harper no governo federal, um homem de ultra-direita, que apoia a venda livre de armas, a compra de aviòes de guerra de última geraçào, que retirou o Canadá do protocolo de Kyoto, que começou a «fechar» a imigraçào (quem está no Brasil sentiu isso na pele) e que, além de tudo, é um admirador incondicional de George W. Bush. Voilà o perfil do governo eleito pelo Canadá inglês «civilizado». Isso sem falar que o seu governo está, através das medidas que estào entrando em vigor agora, destruindo o modelo social canadense.

Votei em Pauline Marois, bien sûr, uma mulher fantástica, batalhadora, que tem em seu programa de governo medidas claras que favorecem a classe média, que está em vias de dispariçào também aqui no Canadá. Sua política social é o oposto da política decidida pelo ultra-capitalista-«civilizado» Harper. Todas as propostas de Pauline Marois sào socialmente responsáveis e contribuem para a defesa de um modelo social que o Canadá inglês «civilizado» está em vias de destruir. Vale a pena pesquisar um pouco mais sobre a trajetória da nossa «primeira ministra».

Quanto ao preconceito que o Québecois por ventura sinta em relaçào aos estrangeiros, vale a pena lembrar que, no referendum de 95, que terminou praticamente «empatado», o voto em massa dos «imigrantes» em favor do Canadá inglês foi decisivo para a «derrota» do «país Québec».

E finalizo com a seguinte pergunta, meus caros conterrâneos brasileiros: Por que o Québec nào teria o direito de defender por leis em seu próprio território a língua falada pelo seu próprio povo? Vale lembrar que o inglês, além de ser a língua dos mercados, do dinheiro e de todo o resto, é também a língua de 330 milhòes de americanos e canadenses. Qual o problema, entào, em proteger, de uma maneira coerente e oficial, o francês em Montréal, única grande cidade americana francófona? É mais do que justo, nào é mesmo, sobretudo do ponto de vista histórico?

Mas… mas… nào se preocupem tanto, porque mesmo os «québecois» já estào «jogando a toalha» e em 50 ou 100 anos, os vossos filhos canado- americano-brasileiros viverào tranquilhamente em inglês no Québec, terào duas casas próprias, dois carros na garagem e navegarào «sem gelo» nas águas do Ártico». E é claro, nào precisarào mudar para outra província em busca de «estabilidade», casa própria e carro.

Abraços,
Gustavo