Re: Eleições em QC

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#56703
wangomes
Participante

Não sei se todos estão acompanhando, mas as eleições em QC estão tomando um rumo que me preocupa. Para falar a verdade acho que já dá para dizer que o que estou vendo, independente do resultado me vez ver um lado do QC que não conhecia e que deve me levar a migrar para outra província em algum ponto.

Para quem não sabe, a eleição é na proxima terça-feira, 4/Set. Pelas pesquisas, o Parti Quebecois (separatista) está na liderança e quase no ponto de formar um governo minoritário, mesmo sem contar com o apoio de outros partidos como o Quebec Solidaire ou o Option Nationale (ambos separatistas e com 9% e 1% respectivamente).

Além do óbvio problema do separatismo, a plataforma do PQ inclui:
1) Retirar o direito de imigrantes e francófonos de estudarem em CEGEP em inglês.
2) Iterromper as discussões sobre a opção de imersão em inglês por um ano (acho que no nível de escola secundária)
3) Criação de algum tipo de teste de françês para imigrantes ou candadenses vindos de outras províncias que seria requisito para se candidatar a um partido. Na verdade se entendi bem, a idéia é criar o que se chamaria de “cidadania quebecois” e o teste de francês seria pre-requisito. Acho que sem ser cidadão quebecois, a pessoa não teria direito de votar também mas isso deve ficar restrito ao âmbito provincial. Inicialmente isso se aplicava a anglófonos e ameríndios já residentes mas a Pauline Marois deu para trás.
4) Planos de focar imigração em países francófonos para diminuir o ritmos de anglicização de Montreal
5) Proibir que funcionários públicos usem símbolos de sua crença religiosa (como quipás ou niqab, o lenço na cabeça que algumas muçulmanas usam, não confundir com a burqua, que acho que já foi banida). Crucifixos seriam permitidos já que “são parte da história do quebec”… O interessante é que isso conflita com o item acima, já que boa parte dos imigrantes francófonos são de países muçulmanos do norte da África como Argélia…
6) Também para diminuir o ritmo de anglicização de Montreal, planos de incentivar famílias francófonas a ficar na ilha em vez de se mudarem para os subúrbios. Isso me incomoda muito, é um plano de colonização da ilha.

Enfim, independente do PQ ganhar ou não, fica claro que uma boa parte dos quebecois não vêem problemas com a plataforma acima. Para mim isso significa que não basta aprender francês para ser um cidadão sem restrições ou poréns. Vc tem que ter o francês como língua materna e achar que estudar inglês não é uma necessidade do mercado de trabalho ou para ter acesso a um universo de informações por ai. Não, aprender inglês é se aliar ao inimigo. Ah, e você não pode ser muçulmano ou judeu para ter todos os direitos de cidadão, como ser funcionário público. Sou ateu se isso não for racismo ou xenofobia eu não sei o que seria.

Também mesmo se o PQ não ganhar fica claro para mim que o fantasma da separação é bem real. Nada impede que no espaço de 2 anos, o PQ ganhe uma eleição, chame um referendo e ganhe. Não se esqueça que o separatismo estava dado como morto em 2011, depois do Bloc Quebecois ter ficado com só 2 assentos no nível federal e que em 99, quando o último plebiscito foi chamado, o apoio estava nos mesmos níveis de hoje (40%), e o federalismo passou por poucos votos.

O que vcs acham? Nós já suspendemos meus planos de comprar uma casa e começamos a pesquisar como seria morar em Vancouver…